Eternamente
Errei hoje.
Errarei amanhã novamente.
Só espero eu que não seja
Um erro repetente, mas sobre algo novo,
Onde errar seja nada mais
Que avançar, nada mais
Que entender, entender
Que errarei eternamente.
Chorei hoje.
Chorarei amanhã também.
Só espero eu que os motivos salgados
Não temperem as mesmas refeições,
Mas que o pranto caia sobre
Os cantos duros e sem gosto
De ceias ignoradas por mim,
E que eu chore por ter aprendido
A dar valor a gostos antes amargos,
E não por tristeza e arrependimento,
Por falta ou medo.
Que eu chore apenas por chorar,
Diante da simplicidade branca
De um complexo mundo.
Antecipei-me ontem,
Fazendo de hoje um atraso.
Só espero eu que o amanhã
Não venha tarde nem breve,
Que seja apenas o depois do agora.
Antecipei-me, errei e chorei.
Pelas dúvidas e pelo acaso,
Por motivos inexplicáveis,
E por motivos óbvios.
Só espero eu
Que nada disso seja ignorado,
Pois no dia em que eu acordar,
Sem saber quem sou,
Saberei pelo menos sobre os ventos
Que me gastaram,
Sobre aqueles que me amaram,
E talvez assim,
Tentarei eternamente.