Pela casa
Com vermes pela casa ela constrói a prisão
Que pesa continuamente pelo corpo;
Ela estica a minha língua tão à míngua,
E derramo a púrpura nos colchões.
Sabotarei os mecanismos dentro do
Cérebro dela para introduzir tonalidades
Iguais às do quadro de um pintor
Que gozava ao roer o seu próprio
Cérebro sabotado.
Bombas explodem enquanto as roupas
São destruídas pelas traças que
Já ousam tirar sangue do meu
Cachorro.
Algum espectro frita os pombos
Mortos lá do esgoto;
Tão infestados de carrapatos.
Lápis goela abaixo não mata a fome
Nem a vontade de querer despir o
Infinito,
Nem a vontade de querer pousar na
Alcova do eterno.
Mas hoje dormirei no ferro-velho,
Desenharei o Sol com ferrugem
Depois irei me derreter cantando
Cantigas de escárnios,
Para depois entrar nas barcas inconstantes.
Passarei meus olhos nas entrelinhas,
Esfregarei meus dedos vacilantes nos
Enigmas do caminho dela;
Deixarei sangue pelo caminho.
Cada passo meu é um prego que me
Prende por todo o escuro mundo;
Mundo que chega esboçando - com suas paranoias -
Meu berço de infante perturbado;
Planta em meu pênis orlas de
Cravos!
E tira um por um com lânguida
Complexidade e suga até a última
Gota de agonia diabólica;
Depois, devora e lambe as lambujens
Pelo chão.
Subtraio a manhã inoxidável
Esgueirando-me pelos tubos;
Sintetizadores triturando o meu crânio
Esquálido.
Tritura!
Tritura!
Tritura!
Tritura!
Que eu pulso rasgando meus nervos
E arrancando os cílios do meu amor.
Multidões incandescentes batem!
Batem! Até não conseguirem mais!
As agulhas em suas gengivas
Cancerígenas.
As prateleiras sobem sempre
E no cerne pedaços de incógnitas caem na
Meia-luz
Meia-noite
Meia-lua
Meia-idade
Meio-mundo.
Helicóptero surdo e arrogante
Fulminando a amplidão da cozinha
Pictórica;
Computadores inundados no lodo do
Verbo pessoal.
Paro na frente da hipnose, vislumbro.
Um animal no cio chora.
A cabeça cai para trás
Sem um pingo de sangue! Por que Deus?
Terrível.
Coço minha pele, minha cuca,
Meus doentios olhos, meu sexo:
Sem sangue.
Arranquem meus braços e injetem
Cicuta com paixão na língua.
A perturbada ouve o tonel roncar
Soando velho como só ele;
E enterre na bocarra!
Seus mistérios quebram-se com
O tonel.
Cacos na mesa e no tapete feito
Com os meus medos e adornados com
As minhas esquisitices.
Rádios medonhos e discos resumidos
Em meu mais sensível paladar;
Grudam na alienada visão nua
Num mar caolho com sedenta luz;
Rochas empalidecem cegas e épicas;
Grãos de areia são bilhões de metáforas!
Nos polos de cada feição feérica
Algo grita suavemente abrangendo
Vertiginosas emanações de irrealidades
Humanas.
Todo canto fora do lugar inexistente;
Tintas e pincéis na banheira solene;
Camas com nódoas no teto de carrapatos
E traças passando pelo sangue.
Aqui na casa vejo o panorama
Dos cômodos selvagens.
E arrancam – um por um - os cravos de meu
Pênis;
Mordo os meus lábios e finalmente
O sangue espirra!
Vermes sugam e devoram todas
As minhas diabólicas plantações.