Carcaça

Vestido desta carcaça de carne e osso,

eu me arrasto pelas ruas da minha cidade,

e me pergunto até quando,

estarei aqui.

As pessoas se reproduzem freneticamente,

se apertam em ônibus lotados,

e se matam, se devoram e se amam,

ao vivo, diante dos meus olhos.

Vivemos e mentimos para nós mesmos,

como se fôssemos importantes.

nos enganamos, engolindo toda essa merda

como se fosse normal

o sangue que escorre da televisão

na hora do jornal.

Ah, meu amor. Já se foi o tempo em que o homem

era um animal,

que tinha medo da chuva que caia do céu,

sem nenhum aviso.

Mas eu tenho

medo,

medo da morte, medo dos homens e das mulheres.

eu me apavoro quando abro meus olhos de manhã,

e quando não consigo dormir,

me apavoro com a morte que me espera do lado de fora

sem que eu saiba a hora

que ela vai aparecer para me levar.

A inevitabilidade do fato

me aterroriza e eu não consigo não pensar

que um dia vai ser a minha vez...

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 02/08/2017
Código do texto: T6072374
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