Flores enrugadas

Entre as verdes fantasias da tarde

Me afoguei no vinho,

Jogando utopias pelo caminho.

E eu via os barcos de minhas quimeras;

Eu me escondo entre as orquídeas,

Deixando os meus cigarros pelo chão;

Vamos louvar a nossa paixão

Pela vertigem colorida.

Esses olhares cinzentos que passam

Já se esqueceram da simplicidade;

Tentando fabricar a felicidade;

Complicando o que é simples.

Navegaremos então pelo horizonte

Com suas cores e imagens,

Que são sedutoras em nossas viagens,

Iluminando as nossas mentes.

As nossas mãos tocam os fios elétricos

Onde são os salões

Onde soltamos os balões

Que levam os nossos devaneios!

As cabeças de lata disfarçam a caduquice;

Andam por prazeres alheios;

Os lábios são secos e feios;

Seus ouvidos não ouvem os paladinos.

No meu corpo vou sentir as chamas,

As chamas da atmosfera que enlouquecem,

Com caleidoscópios que aquecem

Miríades de desejos nus!

Nas margens dos rios negros

Vi homens e mulheres imersos na nobreza,

Desfrutando enlouquecidamente a pobreza

De frutos cheios de doenças.

As flores se enrugam aos poucos;

Tristemente vão se esburacando;

E colocam mais flores que vão esfaqueando

As últimas vozes afinadas!

Liberte a alma e veja:

Nas linhas do amor a afeição

Por uma perfeita e angustiante ambição

De repousar sob a harmonia.

O clarão nos terraços sombrios

Nos faz ver flores enrugadas

Que indiferentes, trazem enxurradas

De desarmonia e mediocridade!

André SS
Enviado por André SS em 02/08/2017
Reeditado em 01/08/2018
Código do texto: T6072245
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