Flores enrugadas
Entre as verdes fantasias da tarde
Me afoguei no vinho,
Jogando utopias pelo caminho.
E eu via os barcos de minhas quimeras;
Eu me escondo entre as orquídeas,
Deixando os meus cigarros pelo chão;
Vamos louvar a nossa paixão
Pela vertigem colorida.
Esses olhares cinzentos que passam
Já se esqueceram da simplicidade;
Tentando fabricar a felicidade;
Complicando o que é simples.
Navegaremos então pelo horizonte
Com suas cores e imagens,
Que são sedutoras em nossas viagens,
Iluminando as nossas mentes.
As nossas mãos tocam os fios elétricos
Onde são os salões
Onde soltamos os balões
Que levam os nossos devaneios!
As cabeças de lata disfarçam a caduquice;
Andam por prazeres alheios;
Os lábios são secos e feios;
Seus ouvidos não ouvem os paladinos.
No meu corpo vou sentir as chamas,
As chamas da atmosfera que enlouquecem,
Com caleidoscópios que aquecem
Miríades de desejos nus!
Nas margens dos rios negros
Vi homens e mulheres imersos na nobreza,
Desfrutando enlouquecidamente a pobreza
De frutos cheios de doenças.
As flores se enrugam aos poucos;
Tristemente vão se esburacando;
E colocam mais flores que vão esfaqueando
As últimas vozes afinadas!
Liberte a alma e veja:
Nas linhas do amor a afeição
Por uma perfeita e angustiante ambição
De repousar sob a harmonia.
O clarão nos terraços sombrios
Nos faz ver flores enrugadas
Que indiferentes, trazem enxurradas
De desarmonia e mediocridade!