O alienígena castrado

Um alienígena castrado vai quebrar

O espelho que o repele;

Vai sintonizar a sua vida e retalhar

A última pureza que resta na pele;

Queimará seus velhos livros

Que nas fantasias vão resvalando;

No varal vai pendurando atritos;

Nos quartos vozes vão rezando.

Vai pulando na batida da loucura;

Cristalizando emoções mofadas;

Quase sentindo que não tem cura;

Suas lágrimas aos poucos são arrastadas.

As orgias lhe atingem.

Procura seu flerte augusto

Cambaleando nas noites que fingem

Enxertar o corpo astuto.

O castrado vai atravessar a superfície

Curta que lhe rodeia;

Sendo um artífice;

Modelando a peça que desnorteia.

Pelos seus demônios foi moído e triturado;

Em seu lado mora o desespero;

Atrofiando o sentimento fardado;

Devorando magias sem tempero.

Pelas melodias do Cosmos ele vai escalar;

Dentro dos azuis bordados breve ele vai sentir

Doçuras espirituais sempre a beijar,

Magnetismo e fluxo daquela beleza sempre a persistir.

Na noite a calmaria morria;

O olhar de zombaria deixa um rastro no caminho;

Nos anéis de Saturno satirizou o que queria;

Esses percevejos no ninho!

Ele não sabe onde vão dar

As ruas por onde os seus pés passam;

Por onde sua memória vai quebrar.

Espera o trem e as paixões que matam.

O alienígena castrado vai comer insetos

Que ficam em seu armário a gritar!

Partirá com seus sonhos sem tetos;

E saberá lidar com fantasmas que só ele fica a imaginar.

André SS
Enviado por André SS em 02/08/2017
Código do texto: T6072242
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