O alienígena castrado
Um alienígena castrado vai quebrar
O espelho que o repele;
Vai sintonizar a sua vida e retalhar
A última pureza que resta na pele;
Queimará seus velhos livros
Que nas fantasias vão resvalando;
No varal vai pendurando atritos;
Nos quartos vozes vão rezando.
Vai pulando na batida da loucura;
Cristalizando emoções mofadas;
Quase sentindo que não tem cura;
Suas lágrimas aos poucos são arrastadas.
As orgias lhe atingem.
Procura seu flerte augusto
Cambaleando nas noites que fingem
Enxertar o corpo astuto.
O castrado vai atravessar a superfície
Curta que lhe rodeia;
Sendo um artífice;
Modelando a peça que desnorteia.
Pelos seus demônios foi moído e triturado;
Em seu lado mora o desespero;
Atrofiando o sentimento fardado;
Devorando magias sem tempero.
Pelas melodias do Cosmos ele vai escalar;
Dentro dos azuis bordados breve ele vai sentir
Doçuras espirituais sempre a beijar,
Magnetismo e fluxo daquela beleza sempre a persistir.
Na noite a calmaria morria;
O olhar de zombaria deixa um rastro no caminho;
Nos anéis de Saturno satirizou o que queria;
Esses percevejos no ninho!
Ele não sabe onde vão dar
As ruas por onde os seus pés passam;
Por onde sua memória vai quebrar.
Espera o trem e as paixões que matam.
O alienígena castrado vai comer insetos
Que ficam em seu armário a gritar!
Partirá com seus sonhos sem tetos;
E saberá lidar com fantasmas que só ele fica a imaginar.