Apenas Sereno

Do grito dos gatos ao copularem,

Ao perímetro do meu próprio parto,

Tudo se funde em auto retrato.

Sei que perco o folego rápido,

E dentro da água não sou peixe,

Mas sou mais humano do que fora dela,

Onde homens caminham eretos.

Os gritos da vizinha sexta feira,

Ao relento domingo outonal.

Aquele silêncio das cobertas,

Que me esperam durante todo o dia,

Até o dia que estarei frio

Que nem as navalhas

Que me sangraram.

Frio.

Que nem os finais de novelas.

Frio.

Um prato do universo servido a terra.

As reuniões de segunda pé direito,

As altas vontades do agora.

Impotente que nem as nuvens

Que choram por cima de nós.

Frias e úmidas,

Apenas sereno.

Onalim Andrade
Enviado por Onalim Andrade em 02/08/2017
Reeditado em 02/08/2017
Código do texto: T6072110
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