KAISER NINGUÉM VIII

Eu sou a onda soberana na montanha do dragão

Sou os olhos da cigana e a artimanha sedução

Sou as curvas mais robustas da mulher mais cobiçada

Sou as uvas mais enxutas para a safra adulterada

Eu sou os espíritos da carne na matriz da consciência

Qualquer coisa que se encarne tem raiz na senciência

Eu sou o nicho civilizado e o labirinto de Minos

Sou o instinto não superado, sempre fui o meu algoz

Eu sou a sombra do viajante na Odisseia da egolatria

Sou a sina do errante na epopéia da utopia

Eu sou o reino isolado pelos muros da ilusão

Sou o treino limitado para um mar de inspiração

Eu sou as portas do infinito na visão da eternidade

Eu sou tudo já escrito na contramão da humanidade

Eu sou a sorte dos preparados na ciência de Pasteur

Sou o forte dos soldados, a resistência e o fator

Eu sou um terremoto de magnitude imensurável

De repente eu saboto o seu leito agradável

Eu sou a cura da doença que nasceu da negação

Sou o bem e o mal da crença que se perdeu por ambição

Eu sou o vento suave e frio, sou o astro inorbitável

Sou rebento do estio de uma fonte inesgotável

Eu sou a luz que não se apaga, sou a essência do intelecto

Faço jus a quem indaga a coerência do aspecto

Sou a verdade inexistente que parece inofensiva

Sou as presas da serpente e a mente que é nociva

Eu sou os jogos do ego, na espiral do céu e inferno

Sou humano, sou um cego, no hospital mundo moderno

Eu sou viagem no nada eterno, do niilismo sou uma cria

Sou a tatuagem e sou o terno, no capitalismo sou um vigia

Sou um viajante intergaláctico, fui ao nada e vou além

Sem semblante e enigmático, eu sou o Kaiser Ninguém

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NoOnee
Enviado por NoOnee em 01/08/2017
Reeditado em 18/03/2018
Código do texto: T6071564
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