KAISER NINGUÉM VIII
Eu sou a onda soberana na montanha do dragão
Sou os olhos da cigana e a artimanha sedução
Sou as curvas mais robustas da mulher mais cobiçada
Sou as uvas mais enxutas para a safra adulterada
Eu sou os espíritos da carne na matriz da consciência
Qualquer coisa que se encarne tem raiz na senciência
Eu sou o nicho civilizado e o labirinto de Minos
Sou o instinto não superado, sempre fui o meu algoz
Eu sou a sombra do viajante na Odisseia da egolatria
Sou a sina do errante na epopéia da utopia
Eu sou o reino isolado pelos muros da ilusão
Sou o treino limitado para um mar de inspiração
Eu sou as portas do infinito na visão da eternidade
Eu sou tudo já escrito na contramão da humanidade
Eu sou a sorte dos preparados na ciência de Pasteur
Sou o forte dos soldados, a resistência e o fator
Eu sou um terremoto de magnitude imensurável
De repente eu saboto o seu leito agradável
Eu sou a cura da doença que nasceu da negação
Sou o bem e o mal da crença que se perdeu por ambição
Eu sou o vento suave e frio, sou o astro inorbitável
Sou rebento do estio de uma fonte inesgotável
Eu sou a luz que não se apaga, sou a essência do intelecto
Faço jus a quem indaga a coerência do aspecto
Sou a verdade inexistente que parece inofensiva
Sou as presas da serpente e a mente que é nociva
Eu sou os jogos do ego, na espiral do céu e inferno
Sou humano, sou um cego, no hospital mundo moderno
Eu sou viagem no nada eterno, do niilismo sou uma cria
Sou a tatuagem e sou o terno, no capitalismo sou um vigia
Sou um viajante intergaláctico, fui ao nada e vou além
Sem semblante e enigmático, eu sou o Kaiser Ninguém
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