RETRATO
Tudo é de fato
Artefato da legislatura
Um flácido juízo de valor
Estimulado pelo teor da literatura
Código não letal nem penal em jurisprudência
Numa justiça violentada e mantida em cárcere virtual
É um retrato da verdade que suponho ser
A grande realidade da ilusão!
Tudo é de fato
Uma doença cultivada
Uma cultura suicida de se aliciar
Um movimento mantido pela população
Que compra e vende e mata e morre e quer paz
Que irriga e enrica a coisa popular à luz da alucinação
É um retrato da verdade que suponho ser
A grande realidade da ilusão!
Tudo é de fato
Um mundo ingrato
Regado à ignorância e estupidez
Manipulado por ases da oralidade
Cantando mantras e salmos à ouvintes vãos
Que sem direção vão se atropelando em busca da eternidade
É um retrato da verdade que suponho ser
A grande realidade da ilusão!
Tudo é de fato
Uma grande arena
Um lindo circo dos horrores
Com personagens que entram e saem
Da política, do judiciário e das telas dos cinemas
Sob uma carta magna malograda, menu da corrupção
É um retrato da verdade que suponho ser
A grande realidade da ilusão!