Culpa
Euna Britto de Oliveira
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Uma ilha – ninhadas de ovos de tartarugas em suas areias...
Eu queria ver!
Tinha de atravessar um pedaço de mar...
Levaria crianças da família comigo.
Havia barcos para a travessia.
Não sei de que jeito,
Cheguei à ilha.
Numa elevação, duas defesas:
Um quartel e uma igreja, literalmente ligados,
Lateralmente colados.
A igreja era barroca, com duas torres simétricas.
O quartel, de dois andares, com militares de plantão.
A defesa humana e a defesa espiritual.
Duas edificações belíssimas, de sonho...
Foi um sonho.
Preciso de tantas defesas!...
Acho que foi por isto
Que tive esse sonho:
Para ver o par de prédios
De alguns que nos protegem.
Contra mim mesma,
Não há defesa.
Há uma vela acesa na escuridão
E nem tudo eu enxergo.
Às vezes, vejo o que é certo,
Às vezes, não.
Tropeço,
Penumbras enganam-me.
Há o que parece que é, mas não é.
Há o que não parece, e é.
Erro, mesmo quando penso que acerto...
De “mea culpa” estou marcada.
Sentimento de culpa mata.
Nascemos na culpa – a do pecado original,
"A feliz culpa que nos mereceu o Salvador!..."
Que ranço é esse, meu Deus?
Sempre com o pecado de lado?
Desta vez, o de ter usado palavras mal colocadas
Que, mesmo sem intenção,
Geraram um mal-entendido
E, tanto quanto a mim, fizeram sofrer um inocente.
Estou imprensada, prensada pelas minhas próprias palavras.
Como vou furar o cerco?
Estou ilhada.
Liberta-me, Senhor,
Da malha fina das palavras...