CONTRADANÇA

Quando a noite avança

o novo abraça o velho

em contradança.

***

Cabeça nua e infinita

O poeta toca jazz

Pra o troglodita.

***

Muito em breve

mas não tão breve assim

meu coração fará greve

e falarão bem de mim.

***

As flores morrem

o jardineiro

faz cara de paisagem

***

Não existe exploração

nem laudo acusatório

é tudo suposição

ou tudo supositório.

***

Lucidez doente

a coragem esfriou

na chapa quente.

***

No grupo das vaquinhas

ninguém lê o jornal

nas entrelinhas.

***

Inocente e imortal,

minha alma jaz em coma

angelical.

***

Marcial aborto

se deita no chão

e finge de morto.

***

Meu sexto sentido

meretriza nas janelas

suspeito gemido.

***

Foda-se ou faça sol

o conservador conserva

sempre aceso seu farol.

***

Foi mal.

No concurso de poetas

pediram-me exame

de sanidade mental.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 31/07/2017
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