VENDEDOR DE SONHOS

1. VENDEDOR DE SONHOS

Somos atores na vida

Aproveitando o dia de cada vez.

Contemplo meu futuro.

Não posso ser marechal.

É urgente conhecer-me

A cada opção para acertar

Evitar a contramão.

Somos apenas frágeis terráqueos

Não dá para viver como Etê.

A vida é o meu palco.

Não dá para ficar fazendo shows.

É caro e cansativo

Por isso, nos bastidores estudo-me.

Se falhar, não desisto do meu sonho.

Eu aqui vivo cada dia de cada vez.

2. OBAMA

Deus o ajude!

Seu discurso é ambíguo;

porque ser negro ainda é ambiguidade:

servir-se do sistema para vencer

servir o sistema para padecer.

Discursa para agradar gregos e troianos.

Discursa para incutir fé e esperança.

Não nos enganemos

Não é nada fácil ser presidente negro.

Ele sabe que não é super-homem.

E a decadência da potencia

Ainda esconde a prepotência.

O processo foi desencadeado e

Os estilhaços da crise vai nos atingir.

Porque somos ocidentais

E os orientais estão de olho em nós.

Abaixo o capitalismo

E nem aceitamos os fundamentalismos mútuos.

O sistema é duro demais,

Nos mata a cada curva da história

Concentrando dinheiro e poder na mão de poucos.

E o homem fica à margem;

Ainda não sabemos como ficará o centro.

3. MEUS TEMPOS

Sinto-me oprimido,

Não sou omisso.

Frente questões de meu tempo,

Ainda sabemos tão pouco –

a teoria não resolveu ainda a prática.

As culturas ainda

Vivem tantos paradoxos insustentáveis.

A fome grita em todo planeta.

A natureza humilhada reage violenta

E sua revanche tem proporções esmagadoras.

Os crimes de guerra

Que vergonha

Continuam por todo lado.

Civis e pobres sofrem consequências.

Tudo isso me faz pensar e chorar.

Até quando, meu Deus!?

Os juízes e políticos em conluio.

Invertem o jogo do poder com facilidade

Os pequenos vão ao tribunal.

Os ricos e injustos são liberados.

Tanta demagogia deslavada,

Mentem deslavadamente bem.

Sinto-me oprimido,

Vendo e vivendo nesses tempos.

Querem que nos sintamos

Inoperantes,

Impotentes,

Conformados,

Anestesiados com o mal – normal.

Vai meu protesto

E minha atitude a cada dia

Com o trabalho honesto e a favor dos pequenos.

Justiça não declina com corrupção.

Fome não rima com democracia.

E democracia não pode mascarar a tirania.

4. CHUVA

Ela cai leve e me faz dormir – obrigado, meu Jesus.

Ela cai forte e não deixa dormir o pobre, que pena, meu povo.

Levanto os braços em mutirão para ajudar...

Levanto os olhos para anunciar e denunciar.

O povo não tem casa e há gente correndo risco perto de rios.

Que arte das gotas virem

Fertilizar os campos?

Que desastre dos homens

Desmatando florestas e assoreando rios?

As gotas são milagrosas e perigosas ao mesmo tempo.

Elas alimentam usinas hidrelétricas,

Elas afogam nossos filhos e famílias perdem tudo.

Se continuar assim, a natureza vai exigindo respeito.

Deus perdoa sempre, os homens às vezes,

A natureza nunca!

Mas não nego a primitiva dádiva divina,

As chuvas têm sua musicalidade,

Aos olhos brincam de todo modo,

Aos ouvidos, destilam ritmos e versos cadenciados ou não.

Capte o show da natureza.

5. RAIOS X DO MILAGRE

Quem lê Sebastião Milagre?

Eu gosto tanto de sua poesia.

É verso engajado – critica sutil à ditadura.

Maduro sofre perdas e crises.

Teve olhar atento à cultura local.

Nome da agenda cotidiana.

Declamava, compunha e defendia nossa gente.

Sofreu, amou e morreu como tanto quis.

Sem Lilia, ele se sentia infeliz.

Tantas poesias lindas

Para dar sentido às labirínticas

Vivencias sociais.

Critico da cultura

Foi fundo em seu mundo.

Nada será igual

Depois de sua partida.

Agora vive do outro lado da vida,

No casamento espiritual.

Amar e refletir foram suas metas

Cujas premissas ficaram retintas

De versos e músicas, preces literárias.

Como é caro para nós

O preço do progresso;

A ética e fé não ficaram em escanteio

Pois vez da poesia seu imortal celeiro.

Deus fez Divinópolis;

E Divinópolis ama Milagre.

6. ABSURDO

O absurdo das desigualdades

Gritantes

Tem como contrário aparente

O enriquecimento do oligopólio

Surdo,

Que ofende o silenciamento de vozes da multidão empobrecida.

Em janeiro, o cidadão comum

Paga muitos impostos

Enquanto vereadores

Todo ano

Aumentam a bel-prazer

Sua remuneração.

Que vergonha!

Vergonhosa democracia.

E ninguém faz nada

O povo aceita submisso e omisso.

E a maquina viciosa

Continua fabricando

A desigualdade escandalosa do sistema,

Que justifica esse ato.

Pobre continua pobre para rico ficar mais rico.

Precisamos de uma revolução,

Em plena crise mundial,

A economia deveria ser inclusiva.

Não vale mais plantar pobres,

Para ricos ficar dominando tudo.

Até quando?

Protesto, isso está errado!

Amaldiçoo esse sistema cruel

E enganador.

Tudo que tem início tem fim.

Tomara que chegue logo esse fim.

Ouvi de Reginaldo Moreira

Isso que me chamou a atenção:

- Gosto de tudo, um pouco!

De nada, muito.

Gosto de cada coisa em seu lugar.

O problema é que nem tudo tem seu lugar.

A gente tem o trabalho de arranjar lugar para coisas fora de lugar.

Há discursos fora de lugar como há pessoas fora de seu lugar.

Cabe a ela descobrir seu lugar no mundo.

Fernando Pessoa aconselhava:

- - Que nada em ti exceda ou exclua,

Seja inteiro no que fazes como a Lua Alta

Brilha em cada lago inteiramente.

21/08/2012 - Código do texto: T3842333

http://www.recantodasletras.com.br/discursos/3842333

____________________

J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 30/07/2017
Código do texto: T6069554
Classificação de conteúdo: seguro