A casa
A casa
Naquela casa despedaçada
Se destacava uma janela
Com uma cortina negra
A qual dava para a alma
Aquele breu isolante contagiava
Remetia ainda mais ao medo e a outras coisas...
A casa era mobiliada, cheia, porém totalmente vazia...
A porta da sala era retrato do que o tempo e as pessoas haviam feito
Despendida e sem cor
Ela não passava de um mero objeto inanimado...
Seu telhado era de cor púrpura envelhecida
Faltavam telhas
E dava incômodo ao olhar
Algo desconjuntava aquilo
Aquela casa era bizarra...
Por dentro havia montanhas de lixos ajuntados
A geladeira ficava no banheiro
A cama na cozinha
Não havia sintonia
Aquela morada era perturbadora...
Ao seu redor tinha muros colossais
Que dava a sensação de cárcere à pequenina casa
Uma divisão descomunal
Sozinha, a mercê da solidão...
Aquela casa era eu, antes de o Arquiteto fazer a reforma...