Legados de saberes, cores e temperos da vida: Paradoxais poemas em Piracicaba (2013)

1. Tempero verde - poesia culinária

Tempero verde

Vede o tempero

tempero a minha vida

em uma culinária interior

de alto sabor

de nutricional valor;

o bem-estar sinto

e estar-bem comigo

é como um absinto...

Os convivas e passantes

vários errantes

e outros acertantes

caminhantes de errância intrépida

como eu, peregrino do Absoluto,

e com os outros - sou eu outro para o outro;

viajo nos sabores

e saberes de várias culturas

de hortas, hortaliças, hortigranjeiros

de performance doméstica

de gente simples

de gente de sentidos aguçados

de gente sábia

sabendo o sabor de saberes regionais, transcendentais, meridionais,

setentrionais, tropicais,

incluindo Tristes Trópicos, cru cozido;

tendo comigo à escrivaninha,

não entre números - ainda que apareçam e sejam importantes,

eis o fascínio, sim, que sinto pelas imagens e imaginário coletivo: mitos, ritos, híbridos de ontem e de hoje...

Os Selvagens, Evanoé, Moby Dick, Quo Vades,

ainda uma estante inteira de miragens

entre Dostoiévski e Cervantes,

Machado, Pessoa, T. Mann,

Da Divina Comédia ao Mário Quintana,

nas Quintas da Boa Vista,

vendo o deslocamento de Villas-Boas,

a coragem aventureira de Robson Crusoé,

ou viagens de Guliver ou Rondon

entre pisadas ligeiras das Amazonas,

as Cereias encantando a tripulação de Ulisses,

assistindo filmes e tendo a imaginação de professor

entre aulas e janelas

entre orelhas das noites acordadas em leituras

amargas ou prazerosas

desta quinzena de minha vida,

e o fundo musical

secreto e subjetivante

deixa-me em delírio num instante,

são viagens musicais

de Bethoven e Verdi,

Bach, Twkovsky,

leio versos fragmentários em vários cenários

desde os clássicos e modernos,

viajo sem sair da tela do computador

elaboro sentimento e teço emoções,

revisito paixões e corre quem sabe uma lágrima

ligeira e teimosa nas horas mortas,

de Jadir Vilela, Sebastião Bemfica Milagre,

Adélia Prado, Cecília Meireles,

Lygia Faguntes Teles...

A noite esvai-se

e, de repente, a aurora se anuncia,

o galo canta ao longe,

e a vida inquieta, vez por outra,

a cada minuto, esperta e crescente se impõe

com o astro rei,

exigindo sua orquestra luminescente,

empalidecendo ou fazendo dormir deste lado,

as estrelas de vários matizes,

enquanto minha estrela brilha aqui dentro

na noite de minha alma.

Meu interior não para e as paragens

fazem ruídos de folhas que passam no livro da vida divina...

20/09/2012 - Código do texto: T3892324

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2. Paradoxais poemas de um poeta em Piracicaba (2013)

Jesis alguns CLERIHEWS:

Meu filho, não retrucas

Tu és como nuncas

aqui, em meu ser, o coração

tem muita comoção.

Benjamim Frankhin,

viajou até Furklin,

Mil raios parou em invenção

pois estudos eletros em ação.

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3. LABIRINTO DE NÓS MESMOS

Não inquietes

por um instante

ao paradoxo errante...

Não ocorre em vão...

de que o colosso queda-se?

No colossal abismo a abismar-se

indaga a voz interior: "de onde viste

saírem vozes outras, não uníssonas?

Ficam-nos aladas

formas, algumas

esquecidas, outras,

porém, invadem

nossos sonhos

em brasas,

outras vias,

em cinzas,

resvalem

premissas

crispas

interiores

talvez,

nesses olhos

a expressarem...

Não te inquietes

Porque "mira a la luz

de frente

y las sombras

quedaram a tus espaldas".

(Pensar em Idel Becker, Manual de Espanhol. Nobel, SP.)

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4. O PESO-LEVE DE CADA DIA

Só nada sei de que sei algo um pouco mais... nada à vaidade!

Que paradoxo

Paradoxal

é distinguir

o método

disciplinar

e o transdisciplinar;

ter esta ambiguidade;

ter limite para aprender

e ir além de limites

para inventar e superar-se

nas ciências, esportes, artes

e ir além de si!

E das duas alcançar

a interdisciplinaridade:

o diálogo entre os saberes.

Mas, como dialogar

se não sei

se não sei algum saber?

É preciso ter sabor

e pensar o pensado

sem que alguém pensar por mim

e viver para humanizarmos

como "pequenos candidatos

à humanidade"

(Hanna Arendt, 1906-1975)

nas humanidades

nas exatas

nas biomédicas

nas tecnológicas novas eras

nas espaciais ciências

com ética, ousadia e criatividade,

vivendo o instante presente drummondiano

preguiçosamente marioandradiano

chupando caquis adeliapradiano

doando sangue milagreano

vivendo o milagre, o silêncio marioquintano:

"Tão bom viver dia a dia...

A vida, assim, jamais cansa..."

(Antologia poética de Mario Quintana, 2004, p. 22,

de Walmir Ayala (org.).

03/07/2013 - Código do texto: T4370905

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5. Ser diferente - 19/04/2016

Nada se iguala a ti

Deus te fez diferente

E tu não te aceitas a ti

E sofres a cada instante.

Agora vives a correr

E a cada dia a te avaliares

E a um canto a ver seu viver

Quando estranhos ares

Mas, és único e te vais

Indo e vindo em mares

Mais a cada luar os ais

Tens alento em calares

E o coração em ti

Inquieto busca

Resposta por ti

E a vida se frustra

Pois se a fé podes

Recorrer, sentirias

A voz interior dizeres

Vale liras e joias.

Pois por ti no madeiro

Me fez ferida aberta

E espero que certeiro

Vejas tua morada certa

Não apenas por ti

Troquei reinos e terras

Ofereci joias e ouro em ti

Por saber que sobes serras

Ao meu encontro na cruz

Sem a qual não há redenção

E o amor é a chave da luz

Pois sabes que sou ressurreição.

20/04/2016 - Código do texto: T5610399

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6. O PEREGRINO E FRAGILIDADES

Viajara em ternura com tom sideral;

Queria vida em traços: nova esperança.

Para cada um tinha um verso visceral,

Mergulhou no anverso: vencer a arrogância.

Viu-se fragilizado: saiu do funeral

De pessoas que lembrara pela sua existência;

O povo a lutar pelo sentido quimeral;

O poder a apostar em dons de prevalência.

Dias tristes, meditara entre dois abismos:

Noites a perder para ganhar o dinheiro

E, no coração, fez vários malabarismos.

Descobrira da vida seu corpo ligeiro;

Prazer e dor em ritmo de paradoxismos;

Ninguém é, pois, igual pelo mundo inteiro.

23/01/2013 - Código do texto: T4062402

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7. Crise do poder

http://www.viafanzine.jor.br/poemas.htm

Encruzilhadas

interesses subterrâneos.

Em nome de quem?

Para quê?

Sou apenas visionário!

Um homem com visão de futuro!

Como sofro por saber demais...

Não me enquadro neste cenário...

Estou como contramão.

Olhos de atalaia,

há tanta panaceia.

Não se confundem

liderar e chefiar.

Os olhares estreitam

e jogam nos meus ombros culpas

apenas sou um cidadão

que paga impostos

os direitos estão sofrendo cortes

Querem um salvador da pátria

Se fracassarem,

meus Deus, os lideres vão ser culpados.

Onde estão eles?

A ditadura os abortou!

E vejo jovens - muitos - alienados,

não sabem sobre políticas...

Fanatizados estão com mulheres e futebol.

Idolatrias mil,

enquanto poucos têm tudo,

muitos nada têm.

Enquanto, jogadores e políticos ganham fortunas,

meu caro, confidente,

crianças se drogam e portam já

armas a mão!

Eu choro e lamento - que crise!

Ficaremos a olhar, sem nada fazer?

11/05/2013 - Código do texto: T4285969

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9. Prove a você mesmo!

Todo mundo

É bom.

Ou quase bom

Se não sofresse

Do pecado original.

E dizem

Que eu devo ser original

No capitalismo

Ocidental.

No nosso cristianismo

Superficial.

Todo mundo

É quase mal

Ou mal

Ou bem mal

Até que prove o contrário.

E a estrada de mão dupla

Nos insufla

A perseguir quem somos

E para onde vamos

Para cem-centímetros

Do campo santo.

Todo mundo e ninguém

Nos reduz e seduz

Muitos de vida dupla

E moral dúbia

São assim

Até que prove o contrário

31/01/2012 - Código do texto: T3473523

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10. TAMBÉM HÃO DE ME SUPORTAR – 30/08/08

Homenagem a Sebastião Bemfica Milagre – poeta mineiro.

Passei a minha imagem

Deixei aqui e ali uma miragem

A todos ficou minha mensagem.

Fui humano demais

Não sabia da virtude

O meu limite.

Então, vi-me entregue

A mim mesmo.

Ao meu canto, só e silente

E perdoei.

Mas agora aqui

Vem à memória

Traços desta vida

Percorri

Tive pena de animais e gente.

“Tive raiva de muita gente.” (Milagre)

Cai na rede do passarinheiro

Ergui prece a Deus primeiro

Denunciei o contraditório

Paguei pelas noites sem sono

Com medo de meu paradeiro.

E todos me suportaram

Suportaram meus defeitos

Riram de minha atividade

Torceram pela minha fatalidade

E eu dei a volta por cima.

Ah, essa tendinite

Olho o crucificado

Aqui deitado

De repente, a dor

No ombro esquerdo.

Eu lerdo e quieto

Vejo o mundo

Vejo o dolorido

Esfrego os olhos

Turvos

Indignado

Com a falta de ética

Com os que tanto lutam

Pelo de cada dia

Sem que eles consigam

O valor que merecem

Na hipócrita sociedade.

Estou, aos poucos, aqui

Crucificado. Olho para meu

Mestre–servo. Eu sou bicho da terra.

De ignota floresta.

Agora, deixei a pomba no céu.

Ferida, ela está na sombra do chão.

19/02/2012 - Código do texto: T3508764

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11. Eu legado

Dedico meu nome

à vida,

ao coletivo,

ao meu viver;

quando morrer,

ele será uma lápide.

Já sou papel,

tenho um papel social;

no meu arquivo,

guardei memórias e documentos,

certificados e diplomas,

fotos e imagens...

Quando nasci

são José

apareceu

meu nome

o registrou

porque meu pai

assim

o quis.

E hoje

meu caminho

me diz:

- seja forte, virtuoso,

corajoso, viva seu projeto.

Sou legado,

resignado,

hesito,

inconstante,

tantos caminhos

e buscas...

Quero ser reconhecido,

trago em minha carne e na mente

na alma um coração ardente

inquieto espírito

de peregrino,

sem pátria,

estranho a si mesmo...

Construo a mim

pois não estou

ainda pronto...

Vou me constituindo

resistindo,

sonhando,

sorrindo de mim

e para mim...

enquanto vivo e sobrevivo.

Tenho a esperança

que minha poesia

leve meu ideal a você

ajudando a ser

melhor

e mais feliz

questionando

os que os outros

lhe dizem

e o que você diz

aos outros...

Herdei de muitos,

são várias as vozes

umas suaves,

outras atrozes;

lembra meu pai

e seus livros na estante

e ele lendo como

um cavaleiro errante

histórias mil

e aqui tenho um volume

Eu e outras poesias,

velho livro do poeta da morte:

Augusto dos Anjos, de 1946.

Editora Bedeschi, Rio de Janeiro.

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http://hebraico-facil.blogspot.com.br/2011/03/seu-nome-em-hebraico.html

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Joseph: Significa Deus acrescenta e indica uma pessoa sensível, confiante e generosa, que sofre com os problemas alheios. É muito conciliador e conserva o autocontrole mesmo nas piores situações. (hebraico) Yoseph, aquele que acrescenta. http://www.portalbrasil.net/nomes/j.htm

08/09/2012 - Código do texto: T3872307

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J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 29/07/2017
Código do texto: T6068421
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