Sou...
Sou poesia sem rima, feita ao som de um samba canção chorado ,
Regado a caixa de fósforo rodeado de amigos todos atados ao
Mesmo tema, esquecidos em pensamentos, viajantes, errantes,
Sabe-se lá de qual espaço, de qual estação ...
Sou o sorriso aberto de alegrias sem motivo e sem razão
Sou passos trôpegos, sem caminho certo, andarilho das ruas desertas
Virando esquinas, procurando a casa, o número , o portão...
Sou o amanhecer na praia comendo areia e água salgada do mar
Sou o barco sem rumo que fica a deriva sem porto pra chegar
Sou o mar que açoita o barco num ritmado balançar
Outras vezes sou jangada, que teimosa enfrenta o revolto mar
Sem amarras, sem destino, sem fronteiras, seguindo ao Deus dará,
Sem porto seguro, sem ancoradouro para atracar
Sou o Mar , sou o amor , sou amar, sou de remar
Sou gaivotas famintas que sobrevoam os restos de te
Sou o cantar distante do pássaro solitário,
Sou o ar que sustenta as asas e o faz voar
Sou as penas coloridas que matizam o céu
Sou o céu , sou o infinito, sou interestelar...
Sou o sol que explode em chamas, arde na pele até a carne secar
Sou a terra que se trinca seca rasgando o seio querendo chorar
Sou a chuva que se forma rápido e em solo árido se faz derramar...
Sou os rios que serpenteiam as margens levando fartura
Descendo montanhas , matando a sede , limpando e regando
Desviando-se dos obstáculos para depois se entregar ...