Um pássaro pela minha janela

Deixei, esperançoso, a janela aberta.

Um Pássaro de asas imensas entrou suavemente.

Sentou-se à mesa e me pediu da água do meu pobre cântaro.

Eu olhei aquele ser indefeso do céu,

De belo canto e de frágeis asas.

Dei-lhe de beber como a quem serve à criança abandonada.

Ele agradeceu com uma bela canção.

Depois recitou uns dos salmos mais belos do seu Reino.

"Das profundezas clamo a Ti, Senhor

Ouve o meu grito!"

E eu chorei.

Chorei como se fosse uma pomba aprendendo a voar.

Chorei como se houvesse caído ao chão, destronado por meu pecados.

Mas ele não era um Pássaro; era um Leão!

E me amedrontei.

Desejava fugir de suas garras

Virar o rosto

Dizer mil palavras negando-o veemente.

Encurralado à parede nada mais me restava senão gritar...

E eu gritei.

E meu grito tão forte, tão sincero

Amansou o coração daquela fera.

Seus olhos que tudo vê perscrutou-me completamente.

Pousou sua mão sobre a minha

E, sobre suas asas, elevou-me dali.

Do alto, observava os homens.

Ele me dizia em tristes palavras que eu me esquecesse de mim.

Que o homem se sujeitou ao que era típico de homem

E que, portanto, a aurora não mais lhes sorriria.

Então. no meu êxtase de saudade, cai.

Sim, novamente cai.

A janela, aos poucos, ante mim se encerrava

E, por estar tão carnal ao homem, perdi a poesia daquele Pássaro.

WAMOURA
Enviado por WAMOURA em 28/07/2017
Reeditado em 28/07/2017
Código do texto: T6067564
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