5ª PARTE – AFORISMOS em TORMENTA EXISTENCIAL
5ª PARTE – AFORISMOS
Tu errante
Que passas
Nos porões
Da humanidade.
Viajas entre
Cabines
Das caravelas.
Vais
Navegas
Como argonautas
aos mares, cuidado com as marés.
E os astronautas
Do sideral espaço. Cuidado com os cometas.
Solidão, banzo,
Estrela polar, fique fascinado com aurora boreal.
Via-láctea
Mapas e desejo
De chegar
Ao coração do
Coração.
1. DESLIZANDO EM PROSA
O peixe precisa de água pura. Eu preciso de espaço e liberdade.
A alma cuja palma apalpa é macia e o coração sedento de amor.
Se descobrissem o segredo da vida. A vida não teria mistérios.
Conselho é bom. Se não houvesse, o mundo estaria pior.
Visitei um ninho de passarinho. Tive cuidado para que a passarinha não me picasse no olho.
O advogado defende o outro. Será que sabe se defender?
A escuridão é densa e nela se esconde o gato. Em lua cheia, não consigo esconder de você.
Não rias do outro, amanhã ficará frustrado se rirem de você.
Brinque respeitosamente com as pessoa simples, elas o ouvirão. Com os ricos e doutos, fale pouco.
O mundo começa comigo aqui dentro. Lá fora é o reflexo que também chamados vida.
Pensamos por analogia. A ordem é o oposto do caos. O amor é o contrário do egoísmo. Ódio é sinônimo de guerra silenciosa ou destrutiva.
O sistema determina vida e morte. Em nome deles, matamos e cultuamos tiranos. Ou acolhemos gente e miramos exemplos de heroísmo inclusivo.
Discursos são bons, muitos chatos. Não se faz o bem por decreto e discursos; é preciso ato e atitude. Amor não é sentimento, é decisão de amar.
Desejo é impulso. Amor é pulsão. Escrita é ambos.
Fazer o mal cansa e não se cansa de fazer o bem. Se preciso esforçar para o bem viver, como posso ao mal comprometer-me?
As verdades são ecos de vida. Não se explica a verdade. Vive-se! Ao explicar a verdades, as palavras ficam embargadas. Tudo fica pela metade.
A força da escuridão não pode seduzir quando a verdade brilha.
Tenha o controle de seu desejo para que não o conduza aonde não pode ir.
A esperança é a estrada desejada. Sem esperança, a vida se estagna. A gente confunde esperança com paradeza. Não é movimentação em rumo de um propósito.
Saudade é uma presença simbólica de alguém distante ou ausente. Saudade que fica no passado é saudosismo. Isso se torna negativo quando se deixa de viver o presente em direção ao futuro.
Toda obra é cultural. Não se analisa nada fora de seu contexto. A prática se faz em toda parte: na literatura, a autonomia do artista é relativa ao seu mundo e às influências culturais adquiridas sem saber e as que sabem de onde vêm.
O que se faz com amor multiplica em sabor e realização. Atitudes são o conjunto de atos de dedicação.
Nada preenche a insaciedade dos povos. Cada dia, começamos de novo nossa trajetória depois de uma noite de descanso. Não importa quanto temos e quantos livros escrevemos.
Temos a vista de um ponto, por isso dizemos é um ponto de vista.
A cultura passa pela crise do sentido porque tudo é descartado pelo poder e tudo vira um espetáculo de alguns segundos. E o que dura, então?
De que nos falam os escavadores do nada, os que acreditam no futuro?
O homem criou a hora, mas é a hora que move o homem a trabalhar e levantar cedo.
Poetas robôs recitaram poemas de cor... Mas, faltar-lhes-ão emoção, risos e lágrimas. O poeta de carne e osso não pode morrer.
Meu filho, se a riqueza fosse tudo: Jesus nasceria rico. Era rico de força e se fez fraco como nós. Esvaziou-se e reinventou-se, transbordou-se de atitudes. E sua riqueza foi trocada pelo motivo do amor e da compaixão.
2. KERIGMA
Dos mistérios divinos,
A revelação
Flui do sigma da vida.
Dos signos e letras da Bíblia,
Verba Christi – Palavra de Cristo –
Registra
O diálogo de Deus que se encarnou
Veio e morreu e ressuscitou.
O rosto materno
De Deus na face humana de Jesus
Está entre nós – é Emanuel.
No tempo exato,
Jesus age e morre, ama e vive para sempre.
3. QUIXOTESCO
“O coração tem razão que a razão não ousa desconfiar.” Blaise Pascal – 1670.
Eu sou Dom Quixote
Deixei a chácara e a biblioteca
Peguei esta velha armadura
E tenho sonhos futuristas
E o mascote é o meu alazão
Não tão novo.
Dulcineia é a princesa do povo
E os moinhos se agigantam
Impedindo meu sonho.
A velha lança
me alcança
Entre o céu e a terra
Que quero renovar
Rocinante
Deu seu urro de alegria
É hora da refeição;
Sancho Pança,
Esse tem bom coração.
Meu surto o mundo curte
E o romance vai além da cavalaria.
4. O CIRCO
Tenho cinco anos.
Bate meu coração:
Vou ao circo
Pela primeira vez
Com minha mãe.
E a música tocava
No alto
Da lona amarela.
Foi uma tarde
Inesquecível.
5. CULTURAS DIFERENTES
Maias e astecas
Subiam suas pirâmides.
Os esquimós e peles vermelhas
Contavam os entes nas estrelas.
Os índios e os selvagens
Queriam a terra sem males.
E a contagem do tempo
Variou de um povo ao outro.
O centro depende de cada cultura.
O centro é a vida é a cultura é a seta.
6. POR QUE MORRER?
El alma Del hombre no es uma maquina.
Lembra-te homem que tu és pó e em pó tu te tornarás. Gênesis.
Morro porque o instante existe e eu poderei não mais existir.
Morro porque deixei de sonhar e amar.
Morro porque sou contingência, finitude, finito, mortal.
Morro porque não posso prolongar a vida e a medicina ainda não venceu a morte.
Morro porque o corpo cansou, a mente parou...
Morro porque o mundo mudou tanto e não mais tenho gente de minha geração
Morro porque adoeci e não quero ficar no leito de dor.
Morro porque meu relógio biológico determinou.
Morro porque sou mortal.
Morro para comungar os outros mortais.
Morro para entender a vida como etapa.
Morro para ressuscitar um dia.
Morro porque os outros morrem.
Morro na ordem universal dos seres vivos que também tem seu fim.
Morro para ir além de mim.
Morro porque creio na vida eterna.
Morro e não escolhi morrer e nem nascer.
Morro como meus antepassados.
Morro, mas não quero morrer.
Morro e não quero morrer.
A se eu pudesse viver mais e com saúde!
O que faria se soubesse o dia de minha morte?
O que faria se soubesse que o dia de hoje fosse o último?
7. A constelação
Estrelas
Salpicam
O céu.
Brilham
Como únicas
E mostram
Que há distancias
Admiráveis
Entre nós.
As conjecturas e teorizações
São faíscas
Ou palpites
De cada geração.
São luzes da noite
Em cidade,
Logo desaparecerão.
E lá da serra,
Vejo estrelas nuas e cruas
E a lua enfeita a madrugada.
8. ESCALADA
Cada passo
E um desafio.
Cada dia
Um pão a mais.
E rumo à frente
E atrás existe uma marca
De experiência.
E não se sabe
Tudo.
Breve ou longo,
A via se faz vida.
E a flor nasce e fenece.
Mas não deixa de ser flor.
Eskathon e fertilidade.
Húmus e umidade.
Cada dia tem sua escalada.
Só ao cume se chega
Quem se dedica
A subir.
9. RONDÓ
De teu pranto, a taça jura;
E a tontura não continha
a interromper a meiga Clara.
Logo inspira os tons de Amor.
10. MOVIMENTO
Eu tinha esse olhar
Esse brilho dos lábios
E o passo largo de hoje.
O vento passa
E o coração sente
O frescor da água
Que correr no rosto.
E o coração feliz
Bate forte
Ao ver o amor
Mudança vem
E vão
E uma sensação
Não será em vão.
Olho ao espelho
E sinto amada.