A MODERNA SOLIDÃO, J B PEREIRA

ERA - Ameno

https://www.youtube.com/watch?v=RkZkekS8NQU&index=27&list=RDc2o33sUhPVk

1. A MODERNA SOLIDÃO

As crianças se refugiam

Nos jogos de mídias e computadores,

Adultos se entediam de rotinas e profissões,

Mulheres vão à luta, cansadas, enfeitam-se em salões,

E resolveram estar em fã-clubes,

Fumando, bebendo, até amanhecer...

Tanto quanto homens,

Não importam se grávidas ou não.

Tanta loucura, fofoca, lamúria, violência,

Que alergia contagiante,

Do mundo em alvoroço.

No almoço,

Não há tempo, é preciso,

Ganhar dinheiro,

Deixe para depois, esse assunto de lar, l

Que coisa enfadonha.

Nada de rezar, quero as vitrines da moda,

Não importa quem passa fome lá fora.

Bocas e olhos vorazes empanturam-se de bolos e achocolatados nos natais,

Enquanto milhares não tem casa, emprego, nem natal em seus quintais.

E guloseimas irresistíveis, vamos ficar diabéticos, obesos, hipertensos.

Não aquentando o tédio e a solidão.

Vamos aproveitar e dançar. Ah, ah, ah!….

2. PALAVRAS MÁGICAS

Quando acordo, vejo mais pais e conhecidos, digo: _ Bom Dia!

Quando preciso de você, digo sereno: : - Por favor, ajude-me!

Quando você me ajuda, digo, então: - Muito obrigado (a).

Quando vejo algo que você tem, eu nada tiro, apenas digo confiante: - Empresta-me, por gentileza?

Quando à mesa quero o prato de legumes e salada, digo: - Passe-me, por obséquio, este prato?

Quando, na rua, cruzo o olhar aos meus amigos, digo logo surpreso: _ Olá, como vai você, meu amigo?

Se chego atrasado, infelizmente, digo cuidadoso, digo assim: - desculpe-me pelo atraso, posso entrar?

Posso ainda dizer tantas outras boas e mágicas palavras aos outros, durante o dia de acordo com as situações mil.

Posso terminar meu dia,

À noite chegando, dizendo assim:

- Boas Noites! Bênção, pai, mãe, obrigado.

- Obrigado, Jesus, hoje caminhei em sua luz!

- Mais um dia findou, amei, vivi e aprendi...

E pergunto ao meu pai, de repente: (29/11/08)

- Você fez tudo?

- Estudo!

Ele disse:

- Quase tudo!

- E estudava Milagre

- Na mesa de jantar.

3. TAMBÉM HÃO DE ME SUPORTAR – 30/08/08

Passei a minha imagem

Deixei aqui e ali uma miragem

A todos ficou minha mensagem.

Fui humano demais

Não sabia da virtude

O meu limite.

Então, vi-me entregue

A mim mesmo.

Ao meu canto, só e silente

E perdoei.

Mas agora aqui

Vem à memória

Traços desta vida

Percorri

Tive pena de animais e gente.

“Tive raiva de muita gente.” (Milagre)

Cai na rede do passarinheiro

Ergi prece a Deus primeiro

Denunciei o contraditório

Paguei pelas noites sem sono

Com medo de meu paradeiro.

E todos me suportaram

Suportaram meus defeitos

Riram de minha atividade

Torceram pela minha fatalidade

E eu dei a volta por cima.

Ah, essa tendinite

Olho o crucificado

Aqui deitado

De repente, a dor

No ombro esquerdo.

Eu lerdo e quieto

Vejo o mundo

Vejo o dolorido

Esfrego os olhos

Turvos

Indignado

Com a falta de ética

Com os que tanto lutam

Pelo de cada dia

Sem que eles consigam

O valor que merecem

Na hipócrita sociedade.

Estou, aos poucos, aqui

Cruficado. Olho para meu

Mestre –servo. Eu sou bicho da terra.

De ignota floresta.;

Agora, deixei a pomba no céu.

Ferida, ela está na sobra do chão.

4. Prove o contrário.

Todo mundo

É bom.

Ou quase bom

Se não sofresse

Do pecado original.

E dizem

Que eu devo ser original

No capitalismo

Ocidental.

No nosso cristianismo

Superficial.

Todo mundo

É quase mal

Ou mal

Ou bem mal

Até que prove o contrário.

E a estrada de mão dupla

Nos insufla

A perseguir quem somos

E para onde vamos

Para centímetros

Do campo santo.

Todo mundo e ninguém

Nos reduz e seduz

Muitos de vida dupla

E moral dúbia

São assim

Até que prove o contrário

5. AORISTO

Eu sou isso

Não sou grego

Nem falo sânscrito

Apenas sou combustão

Um cosmo de químicos

Neurônios acessos

A emocionar.

Sou cisco

No olho do mundo

Do irmão que passa

Ao lado

Uma sombra

Na vida renhida.

Sou preciso

Impreciso

Para mim mesmo

Ainda vou devagar

Já tive pressa

Desgastei minha presa

E trabalho para pagar

Minha despesa.

Com água e sabão

Tenho que limpar-me

De minha sujeira

Sem beira e eira.

Aoristo e idiossincrasias

É um tornar-me

A cada dia

Sem saber para onde

E por que tem que ser

E ter.

Detenho em modos de ser,

Pensar e agir

Cada um vai com seu olho

Fareja seu caminho.

Uns com carinho,

Outros com trilho,

Vão, todos vão,

E são para algo e alguém.

Ninguém se basta

Senão fica preso

A sua pobre casca.

Defino-me na minha indefinição.

Fui folha branca que alguém escreveu.

Fui massa-côsmica que alguém modelou.

Sinto-me à estrada

No devir

No frigir dos ovos e óbulos,

Um caso em aberto,

Uma obra inconclusa,

Uma estrela errante,

Um astro cadente.

Torna-se o que é?

Tonar-se o que quer?

Tornar-se o que buscas?

Torna-se novo.

Torna-se o futuro

Que vislumbra

Planeta a tua semente

Agora

E se não colheres

Ou colherias outro

O que plantaste.

E a vida flui.

E não reflui.

Segue em frente.

E a gente sente

Que parece que

Ainda não chegamos

Somos indefinição

Até a morte.

A morte nossa definição!

6. OLHAR CANSADO – 14/01/09

Achava certo nadar

Não contracorrente das águas.

Era ilusão!

O tempo fechou

Vejo apenas cinzas.

Não há saída

O povo continua espoliado

Indiferença global.

A roça secou

A minha garganta emudeceu.

Choro! Ergo meu canto de lamento.

Para os ricos, tudo azul,

mas eles ainda estão verdes

e nos amadurecendo à força

e o trabalho é mais uma forca

somos tratados com gado

numerados para o matadouro

não estamos prontos, morremos.

Embora desesperados, ainda

Somos lição de esperança.

Nossa utopia é viver

Um dia num mundo justo.

7. GRATUIDADE

Quero agradecer tua graça

Que não passa

Em cada amanhecer

Em cada anoitecer

Ele me basta

E penetra além

Desta casca

E pulsa dentro de mim

E ela não me arrasta

E não me afasta nunca

De ti, Senhor.

8. HIPOCRISIA

Hoje sinto o que sentias

Quando as coisas são arranjadas

E você, fora.

São coisas que lá dentro

Ficam estranhas.

E mexem co nossas entranhas.

E respiro fundo

E junto de mim

Mantenho o silêncio

E observo os homens e os filhos dos homens,

Como ficam nos arranjos

E querem ser atores

E não frios objetos

Deste sistema hipócrita.

9. ATIRANIA DESTE TRABALHO

Frustram os cartões e relógios de ponto.

São prisões inúteis de medir o tempo.

Foram feitos para os acomodados

Não quero a chefia tirânica

Que persegue e engana com seu olhar

Fútil, fingido e indolente.

Nem aceito seus sequazes

Cuja bajulação esconde o desejo de subir e ter poder.

Para vigiar querem algo mais

E delatar logo.

Amofo todos os que se grudam ao poder

E o querem tão-só.

Querem ser superior aos outros.

Aborreço-me com os elogios

Para massagear egos...

Protesto contra os submissos,

Os que adulam e deixam os chefes

Pisarem só para não se imporem.

Que pena será a vida toda?

Se há autoritarismos, existe quem

Os credita facilmente.

Deixam que algum Tiradentes se apresente!

Sairemos bem disso após

A morte do herói.

Abaixo os tiranos e cúmplices malditos

Que se pipocam e apodrecem os ambientes de trabalho.

10. ALGUÉM

Alguém está disponível

Alguém procura alguém.

Você precisa de alguém.

Você quer alguém.

Todo mundo deseja na vida alguém.

Mas, paradoxal é ver alguém sem ninguém.

Alguém está só.

Eu sou alguém.

Poderia ter mil possibilidades

Mas vivo uma de cada vez.

Na curva da vida, posso encontrar alguém

Ou este alguém me encontrar.

Vamos procurar?

J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 26/07/2017
Reeditado em 26/07/2017
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