O REVERSO DA ROSA

Quem vê a rosa tão inocente,

Não imagina a sua força

De ferir a quem imprudente

A sua haste afague ou torça.

É o espinho! Reverso da rosa,

Incrustado no caule da flor!

Simples, mas de atitude belicosa,

Defende a rosa causando dor.

Rosa vermelha ou amarela

Bailando ao vento exala forte

O perfume característico dela

Lembrando a boa ou a má sorte.

Embriagada me vem um desejo

De roubar da flor desabrochada,

Como de uns lábios, ardente beijo,

O espinho me fere, ela ri debochada.

Diga-me magnífica rosa:

Por que te nasceu tanto espinho?

Defesa? Ou atitude caprichosa

De quem finge não querer carinho?

E fico olhando em seus galhos

A armada entre folhas pequeninas,

Imaginando do inimigo o atrapalho

Evitando-a como se fosse mina.

É esse reverso que me intriga!

Mas não devia me causar espanto,

Porque a dor de amor me instiga

A ter, como ela, espinhos por todos os cantos.

14/08/07.