O BERÇO DE UM ABORTADO

O bendito berço primevo

Não sustentou teu fruto.

O berço

De um abortado

(espontâneo)

É vida não cumprida

É papel em branco

Sem florescida alegria.

O berço vazio carrega

O buraco feito no abraço,

No sorriso e nas almas deixadas.

O berço

De um abortado

(espontâneo)

Ali parado é duas vezes

Peso morto somado à ausência,

É o caixão aberto das lágrimas, é lápide

Até o dia da chegada de nova semente.