Duelo entre homens minúsculos
Era um homem de caso pensado.
De ponto com nó.Pré-pense, pós-fale.
Era homem já tão entrevistado,
Que o outro sem dó,meteu-lhe no embale:
"Pra você, quem é o maior dos homens na história?"
"O maior... o mais importante?"
"Sim, isso mesmo."
Mas que horror!
Nem nos delírios no espelho, tal pesadelo,
tal maléfica pergunta (tão profunda?),
Havia o posto em tamanho desespero.
Procurou por boa presa, importância sincera,
uma bala que qualquer um acertaria.
Mas nada cabia no tambor que lhes dera.
A arma da resposta sofria sem mira.
Dos livros, gritavam poetas e cientistas;
Das crenças, tantos nominariam seus messias;
E os loucos,amáveis, apontariam em suas famílias.
Mas não ele, não podia ser egoísta.
Alexandre, Da Vinci, Chaplin ou Einsten?
Um líder,um filósofo ou um pacifista?
Tantos nomes,tantos ramos.
'E o que dizer de Sir Isaac Newton ?'
Notável, mas vive-se sem a física
E sem arte.E sem medicina.E sem política.
'Ô perguntinha declinável!'
Qualquer resposta é inaceitável,
Mas percebendo os segundos em seu encalce
Preparou-se para as válvulas de escape.
"Veja bem",começou.
"Acho muito indigno escolher um alguém", continuou.
"...Já que quem somos nós pra dizer quem...", não surpreendeu.
"...de toda história, deu um passo além ?", respirou.
Um microsorriso surgiu no homem,
Microhomem, de microfone.
E a resposta rimada,o caçoava
Inquieta e estúpida; não bastava.
E então realizou um ponto, tão sutil,
Que desnubladizou toda tensão em algo vil.
Um click do saber, um tão habitual
banho no lampejo do intelectual.
"Até porquê..."
"Qual o nome do criador do alfabeto ou da escrita ?"
"Os maiores feitos não carregam nomes."
"E as mulheres, gigantes aos montes, tal como os homens..."
(pensara nisso só agora)
"Diriam, com toda razão..."
"Que essa é uma das dúvidas mais burras da humanidade."
Silêncio!
No chão, o microsorriso desfalece e anota.
No ar,fumaça da boca e da pistola.