Sagrado ao Alcance da Alma
Segue a alma entre as brumas do infinito
No limiar do ser e do vir a ser
Entre a luz e a treva
Entre o saber e o pressentir
Segue a alma errante no espaço
Entregue ao abraço do tempo
Que transita as vias da incerteza
Reconhecendo o belo
Segue a alma perambulando
Na contemplação do eterno
Onde mergulha a consciência
Num rasgo da escuridão
Que como flash alumia
... Eclosão de luz!
E vai a alma no sentir que principia
Num impulso que tem direção
Segue tensa, propensa a reconhecer a cruz
Desliza entre o limite da temporalidade
No pequeno vão da eternidade
Seguindo a jornada da evolução
Mergulha no imponderável
Deixando-se dissolver lentamente
Tal qual um hiato transparente
Onde o abrigo ao desconsolo
Sugere a paz insinuando promessas
Segue a alma edificando o universo
Mensageira de presságios delirantes
Passageira vagante neste escuro adverso
Vitima de angustiante ambigüidade
Prisioneira da dualidade
Que determina a alienação
Segue a alma o rastro do entendimento
Enfrentando tempestades,
Privações e sofrimento
Desejo, angústia e vontade
Amparo da religiosidade
Sonho, medonho, terrível
Que ao toque do inefável
Se rende terna, sensível.
Reveste o tempo de materialidade
Permitindo o alento da esperança
Ao espírito fustigado
Na louca disposição de compreender
Os medos seus
Quando a Luz que se apaga
Vertendo o choro do silencio
Na busca eterna de Deus
E o tempo engole a solidão
A alma se estica buscando
Confiante Sua mão
No fogo que a consome
Onde habita a devoção
Mistura-se fé e ilusão
Na contemplação do sagrado
Que produz tal alquimia
Marcha de lento queimar
Cadinho de sabedoria
Rasga-se de relance a escuridão
Descortinando o átrio desejado
Acenando ao vento outra mão
Cujo toque, a alma reconhece
Rendendo-se ao divino revelado
Por meio da intuição.
(Poema criado especialmente para encerrar minha dissertação do mestrado, que é sobre a Intuição.)