Relíquias...
Hoje voltei ao passado
Um baú repleto em tecidos
Rotos e desbotados
Entre remotas fissuras
Odores e risos
Peraltices de tempos imprecisos
Aqueles odores e gostos
Que carregamos na lembrança
Ah! Tempo sem juízo
Apanhando entre um olhar e outro
As guloseimas da vó
O cantarolar na mangueira
No balanço de cipó
Caldo de manga era rio
A escorrer pelas mãos
Tão sujas que dava dó
A tardinha, aromas se misturavam
Cheiro de café, de lenha em brasa
E aroma da broa de fubá
A invadir toda casa
Doces, as tardes de sábado
Dia de fazer quitanda
De contar histórias
De tagarelar, de se misturar
Nas brincadeiras de ciranda
Estas sim, eram férias
Pique esconde e queimada
Para a meninada, coisa séria
Assistia a tudo às gargalhadas
Volto a infância
Nada mais gratificante
Meu filme precioso, infante
Dá sentido ao que somos
Daquilo que foi gostoso
Relíquias, que só você aprecia...