SÓ SOBRA PRA VOVÓ

Oh Vó! Por clemência

nos arranque deste veloz carrocel

desgovernado, vertiginoso

com cabeças de dragões

simulando ilusões de conquistas

entre tesouros ocultados

mas vó, não nos leva a lugar algum

senão nesta seara de lágrimas

que já atravessastes altaneira.

Responda-nos vovó,

Por que no amor damos uma de faquir

Quando possuímos pés

de recém-nascidos?

Oh vó! Veja isso!

por que essas fendas em suas mãos

e esses vincos em sua tez

tornaram-se berçários sete estrelas??

Vovó,

nos de a honra de contemplar e nos deleitar

com este seu flertar da janela

com o crepúsculo vespertino

entre novelos multicoloridos,

entre lânguidos felinos,

entre netos enjeitados

e ouvir o crepitar na chaleira de ferro

da erva-cidreira da resignação

Mas na conclusão de tudo isso, vovó

corremos arfantes e pressurosos

pra sua casinha centenária

entre pardais e ipês, entre araucárias e riachos

emoldurada por baldias azaléias, gérberas do arco–íris

e valentes violetas

voltamos assim, angustiados vovó

só mais uma vez , eu juro!

pra repassar aquele texto,

extraído da sua “caixinha de pandora”:

O b- a- ba da sobrevivência.

davicartes@gmail.com

poesiasegirassois.blogspot.com

Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 14/08/2007
Reeditado em 23/02/2008
Código do texto: T606321
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