POEMA BEM CHATO.
l
E se eu desafiar
o universo,
e me tornar um
eterno rascunho
do bicho homem...
ll
E se me dobrasse
como os canaviais
que nem imaginam
que adoçarão as
mesas, e serão
a vida dos idiotas...
lll
E se eu rebelar
e querer ser como
o vento que não
se prende as amarras,
iv
E se eu me tornar
um rio inavegável,
de águas arredias,
um habitat do
nada ?
v
e seu eu não amar,
para não ser amado,
e se eu divergir das
regras, e querer ser o
voo livre de um
pássaro imprestável...
vl
e se eu contestar
o que afirma meus
mestres,
e se eu viver a inocência
do olhar de uma
criança?
vl
E se eu disser que
o pecado, é uma farsa,
que criaram para
amansar um animal
arredio ?
Vll
E se eu afirmar
que o poema ama
o poeta, não por ser belo,
mas por ser eterno...
Vlll
E se eu disser
que o homem que
goza das marquises
vale mais que um
esperto que ocupa
uma mansão.
lX
E se eu quiser
não querer,
que o que quero
não me basta,
e não me sustenta
se me tornar eterno.
X
E se eu quiser
regredir para enganar
os tolos, que adoram
as derrocadas,
XI
E se eu rebelar
contra os costumes,
e quebrar protocolos,
e abominar as regras,
e me tornar sábio
do meu mundo.
Xll
E se me tornar
um ser duro,
o medo que reproduz
o escuro,
ou ao inverso,
optar por ser puro.
o que diriam meus pais?
Xlll
E se eu disser a eles,
que vale menos um
poema imaginado,
que um escrito,
porque o primeiro alimenta
a alma,o segundo o
mundo.
XIV
E se eu por o ponto
final nesse poema chato,
que me roubam os minutos,
para simplesmente existir.
XV.
A que bobagem,
que bobagem, este meu
devaneio ,
esse meu ato de querer
sufocar este grito,
que passeia em mim,
como as mãos que quer
redesenhar o mundo...