noturno
pendurou-se no mais
alto trono, porém esqueceu
os sapatos e a carteira nalguma
esquina, desceu a rua, viu
as casas enfileiradas, nada mudou
no fim da rua, o mesmo escuro que dançava
sobre os pés de dona clara, silêncio
na calçada, uma jovem menina vestida
de luz conduz seus sonhos, olhamos
com desdem, nós que ja entramos
na vida, na sua glória feita de batatas
e verniz, rendas, folguedos, lembranças,
jagunço, escória que se faz na trapaça,
sentamos no bar, todos com a mesma
cara de quem comeu e não gostou, a
menina ainda viva clareia esse começo de noite,
que é mais noite pra uns do que pra outros.