MONÓLOGO TEMPORAL

Eu sou o tempo

Em silêncio vou passando

E você perguntando

“Por que passa tão depressa?”

Não me apresso

Vou apreciando a pressa com que caminha

Com seus passos apressados

Sem notar a tarde chegando

De uma manhã que se recolhe

Se me vir passar tão apressadamente

Não sou eu quem encurta as horas, quem reclama

Tenho sido o tempo presente e suficiente

Não retardo nem avanço em meu ritmo

De longe já me olha antecipando a hora

Mordendo as unhas e fazendo premunições

Eu sou o tempo

Não repouso em cobertor

A mim cabe o véu do olhar noturno

Enquanto brinca com seus sonhos

E segredos na fronha do travesseiro

Sigo sem conhecer os ponteiros

Que determinam a medida do tempo

Se eles pararem, não deixo de avançar

Saberá quando me dizer

Bom dia! Boa tarde! Boa noite!

Não inventei os doze divididos em estações

Nem das luas belas ou nuas

Giro no centro do eixo invisível

Vestindo muitos trajes com medidas

Posso dizer que sou o vento e a chuva

Quando me bebe e respira

Sabe que deles não pode saciar

Sua vontade famélica

Estarei sempre em transformação

Contada em seus milênios

Eu sou chamado de invisível

Já que não sou matéria que pode tocar

Mas pode saber nos ponteiros

Em que hora marcou seu encontro

Enquanto vou passando sem espera nem demora

Eu sou o tempo

Por onde passam vida e morte

Nas boas-vindas de chegar

E nas lágrimas no momento de voltar

Castro Rosas

Castro Rosas
Enviado por Castro Rosas em 20/07/2017
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