Simbiose

Ele era parte de mim.

Éramos inseparáveis.

Sempre juntos, da rua à Lua.

Ele me conhecia por dentro.

Absorvia meus humores.

Eu dava meu sangue por ele;

Ele dava seu sangue por mim.

Ele me prejudicava, mas sem querer.

Eu não sentia nenhuma dor:

Nunca houve dor.

Um dia, nos deitamos.

Displicentes, nus, tranqüilos.

Adormecemos.

Ao despertar, espanto:

Eu estava só!

Pasma, anestesiada,

Inerte, sozinha!

Pouco a pouco, me recobrei

Saindo daquele estado

E veio a dor

A sede

A fome.

De repente,

Um estranho à cabeceira.

Perguntei a ele:

- O que aconteceu?

- Uma separação. Um corte cirúrgico.

- Por quê? Onde está ele?

- Ele era um tumor.

(17/07/2017)

Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 19/07/2017
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