ESTE VAZIO VAGO.
Rastejas pelos
parlamentos,
escorre pelos vários
departamentos,
é faca invisível que
disseca sonhos,
levita nos ambientes
hostis,
respira os mesmos
excrementos,
é peste, é escárnio,
é doença que mata meus
irmãos de carne,
e que desperta meus
irmãos de poesias,
rompe-me meu
remanso de inspiração,
me traz desatinos,
carrega-me pelas filas
das burocracias,
e me mostra tuas mãos
enforcando o destino
dos meus filhos,
me mostras os valores
de cada um,
despeja um rio
de desesperança
em cada alma,
me faz voar baixo
como um pássaro que
sobrevive á tempestade,
não a como
persistir comendo
a carne viva da pátria,
é preciso deixar-te nos
beirais dos abismos,
para que caia , e desapareça,
é preciso apagar-te,
para que jamais seja lembrada,
mas hoje;
o que sinto é este vazio
tão vago,
essa dor fina
de não poder apagar da
memória,
estas varias bocas
que comem
os direitos
de todas as classes.