Vidas crônicas
Bate aqui no peito, sem jeito,
Um coração, fragoso e nordestino;
“Drento” de um áspero e rude cabra da peste.
Catingueiro inveterado...
Comedor de “galango” doido...
Nasceu do lado do avesso
Do avesso, do avesso da caatinga.
Da bordoada do pau que bateu no capeta,
Brilhou uma estrela cadente...
Cabeça chata de “jerimum abroba”
O infeliz já nasceu sem dente.
Muito, muito antes de conhecer a água,
Sem saber bem o que era,
Já tinha conhecido a mágoa.
Cresceu que nem mandacaru, sem dá “fulô”.
Um dia brotou no seu talo, seu falo,
Uma vontade de fazê amô.
O abestado nem sabia o que era
Nem o que lhe espera...
Deu o que fala pra encontrar um barranco
E, quem dirá, u’a égua? Arriégua!
Não se sabe como ele sabia
Mas, quando o manacaru deu fulô,
Era só água que caía...
Quando a terra brotou de debaixo do pé,
As rachadura do “carcanha” mais que ardia.
Mas aí foi bom, Rosinha no açude,
Não sei bem se foi o destino;
Baxô pa pegá água... Isso me deu treis minino...