Versejando com a grande Florbela Espanca

Eu …

Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do Sonho,e desta sorte

Sou a crucificada … a dolorida …

Sombra de névoa tênue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida!…

Sou aquela que passa e ninguém vê…

Sou a que chamam triste sem o ser…

Sou a que chora sem saber porquê…

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver,

E que nunca na vida me encontrou!

FLORBELA ESPANCA

E eu...

Vivo no meio, escondida

Torno-me invisível sem o ser

Desistindo de um par, de outra vida

Aguardando apenas o que tiver que ser...

Não me vejo flor, nem tão pouco bonita

Nem sou olhada, sou esquecida

Cheia de erros, segredos, pecados

Época boa foi ao ser menina...

Sorrisos espalho, mesmo sem querer

Lágrimas escondo, não deixo ver

Sou alguém, sou pequena, sou a pedra

Que tropeçam e mesmo assim não vêem;

Mesmo que espere por anos

Mesmo que a esperança ainda teime

Sei que não encontrarei ninguém

E ninguém irá encontrar-me! ISABEL T. CARDOSO

Isabel Tanis e Florbela Espanca
Enviado por Isabel Tanis em 16/07/2017
Reeditado em 16/07/2017
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