RECADO!
Escrevi, pra ti, um recado
Ficou na areia, estampado
Veio uma onda desfazê-lo.
Para não fugir na água
Procurei então uma tábua
Nela, voltei a escrevê-lo!
A tábua se desgastou
E o recado ocultou
Pus-me de novo, a imaginar.
Escrevi-o num documento
Veio uma rajada de vento
Logo o voltou a levar!
Por querer “matar” a sede
Redigi-o na parede
Depressa veio o pintor.
Que maldita sorte a minha
Não encontrar escrivaninha
Para os desgostos de amor!
Fui escrever numa vitrina
Veio um moço com a bolina
Logo o vidro quebrou.
Cacos espalhados no chão
Feriam meu coração
No recado que abortou!
Pra que fique bem gravado
Será numa pedra, riscado
Pedra é dura, como a vida.
Podes enfim, a mensagem ler
Finalmente perceber
Esta saudade bandida!
"O Poeta Alentejano"- Renato Valadeiro