RECADO!

Escrevi, pra ti, um recado

Ficou na areia, estampado

Veio uma onda desfazê-lo.

Para não fugir na água

Procurei então uma tábua

Nela, voltei a escrevê-lo!

A tábua se desgastou

E o recado ocultou

Pus-me de novo, a imaginar.

Escrevi-o num documento

Veio uma rajada de vento

Logo o voltou a levar!

Por querer “matar” a sede

Redigi-o na parede

Depressa veio o pintor.

Que maldita sorte a minha

Não encontrar escrivaninha

Para os desgostos de amor!

Fui escrever numa vitrina

Veio um moço com a bolina

Logo o vidro quebrou.

Cacos espalhados no chão

Feriam meu coração

No recado que abortou!

Pra que fique bem gravado

Será numa pedra, riscado

Pedra é dura, como a vida.

Podes enfim, a mensagem ler

Finalmente perceber

Esta saudade bandida!

"O Poeta Alentejano"- Renato Valadeiro

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 13/07/2017
Código do texto: T6053631
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