PÉSSIMOS DIAS PARA SER ROMÂNTICO
de volta ao charco ergo mãos ao nada
a primeira estrela no peito morre
quando jaz o verde baço dos prados
a bandeira trêmula no mastro oco desse barco
naufraga no mar da minha destemperada calma
por sorte há um bote salva-vidas
eis que no morno pestilento sussurro sopro do vento
embriaga-nos a voz de Byron quando
abraço da história a doce maldição
debruçada no escombro da esperança
a pátria predestinada sob velas estilhaçadas
devora seus filhos tortos, a plebe mansa
a língua morta e a conduta da santa puta
desliza no charco meu canto
o barco reza, reza, teima reza e rima
num choro triste de clássico ancorado no mal agouro
neste desaterro é a peste
o desacerto erguendo com as minhas
suas mãos ao nada em cantiga fúnebre
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Baltazar
12 de julho de 2017