PÉSSIMOS DIAS PARA SER ROMÂNTICO

de volta ao charco ergo mãos ao nada

a primeira estrela no peito morre

quando jaz o verde baço dos prados

a bandeira trêmula no mastro oco desse barco

naufraga no mar da minha destemperada calma

por sorte há um bote salva-vidas

eis que no morno pestilento sussurro sopro do vento

embriaga-nos a voz de Byron quando

abraço da história a doce maldição

debruçada no escombro da esperança

a pátria predestinada sob velas estilhaçadas

devora seus filhos tortos, a plebe mansa

a língua morta e a conduta da santa puta

desliza no charco meu canto

o barco reza, reza, teima reza e rima

num choro triste de clássico ancorado no mal agouro

neste desaterro é a peste

o desacerto erguendo com as minhas

suas mãos ao nada em cantiga fúnebre

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Baltazar

12 de julho de 2017

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 12/07/2017
Reeditado em 24/01/2018
Código do texto: T6052797
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