PAIXÃO VERMELHA

Do teu bailado flores se abrem

despertando origens alucinantes

em cada sol cravado

na garganta seca dos indigentes

Magos e eremitas alongam as barbas

enraizadas nas árvores ocupadas

por aves - metálicas como o acorde maior

e o olhar admirado, admirado

pelo teu movimento de anjo

inventando passo

Areias metálicas sopradas pelos ancestrais

em festa derrubam a paixão vermelha da lua

equilibrada pelo movimento transparente

dos lagos, disparando halleluias

com anjos vagos num repente cujo olho-na-fresta

revela amores escaldantes para felicidade

geral dos que trocaram o reino pela moto

Estou no limite da realidade, o espantalho

e o faisão vigiam se o unicórnio

libera escalas na lágrima,

mas o caipora tinge a noite

derramando sangue de boi

no riacho sanfônico dos cogumelos-fátuos,

aonde conheço o céu bebendo estrelas

pela escuridão escaldante,

no acordo secreto que mantenho entre lobos

- calado envergo a loucura no olhar

e colho amoras na fúria das lendas