Deitado, escrevendo, morrendo,
Deitado, escrevendo, morrendo,
Um nada decido compor,
Um nada que faz minha dor,
Um nada; e do qual me arrependo.
Nasci, mas a que se é tão vão
Viver uma vida findável?
A rir? A viver derrotado?
A desconhecer a razão?
Se em horas, se em dias, se em anos,
Que muda se vem sempre um fim?
Se finda até o ar do jardim,
Se findam os rios, oceanos!
Sem horas, sem dias, sem anos,
Sem vida, respiro segundos;
Se sábio ou mais um dos estultos
Que muda por baixo dos panos?
Insano é viver esta vida,
Insano é ver todos iguais,
Sem sono eu me encontro, e sem paz
Eu vivo uma estória perdida.
Viver o agora... Bobagem
De gente que quer se enganar;
Eu morro o agora. E pensar
De jeito diverso é dopagem.
Deitado, escrevi, morrerei
Sem ter um motivo pra isso;
Em tempos virá meu sumiço,
Não menos que sou eu serei.
11/7/2017