I
Esperando...
 
Esperando o riso, o bate papo que vai
até tarde da noite.
Esperando a companhia
Esperando...
Esperando o carinho de uma moça
E o carinho de uma mocinha...
 
Eu sou interrompido.
 
II
Por uma espécie de procissão.
O prefeito amado tinha voltado
E não quero perder tempo
não quero perder meu poema
Que é sobre a...
Enfim...
chegada do agrado.
 
Mas a música no trio elétrico diz:
"O alegrão é barril."
"O Alegrão é barril dobrado."
E eu tive que ir até a rua
Pra ver...
Eu estava contra a maré
E os vi chegando com apitos na boca
Uma coisa bela.
Uma coisa louca.
Uma coisa pela qual eu não pertenço...
Mas não importa.
Porque raramente eu me sinto
Sendo parte de qualquer coisa.

Mas elas...
Elas que estão por vir...
A menina, e o poço do riso...
inteligência e descoberta.
E aquele tanto e de conversa
Que era sempre virtual
E se tornará aberta.
 
 III
O rapaz ao meu lado diz a sua amiga
que não gosta de andar de mãos dadas
com ela nem com ninguém
ele finge falso excesso de personalidade
Deixando ela bem frustrada e reclamona
E diz que também não gosta
Disso, daquilo e daquilo-outro.
 
Eu suspiro de tédio...
 
E então ela diz:
"Somos pessoas totalmente diferentes, fulano!"
E sem aviso, lhe agarra com um beijo agressivo.
 
Enquanto o discurso do prefeito
e um pagode de jingle político
toca em meio à um barulho de apitos.
 
Como transformar toda essa confusão num poema?
 
Eis que surge também
a amiga da amiga
e ela diz:
 
"Ah! Mas você é HOMEM... É diferente!"
E eu penso: “puts...”.
 
IV
Então, resumindo...
Saudade, ansiedade, politicagem
Fuleragem, namoricagem
E agora, uma discussão de gênero
no final pra se acabar.
 
E eu aqui
esperando o paparico...
Pensei comigo, "não vai dar.”.
 
Fechei o caderninho e esperei,
olhando pra frente
com cara de paisagem
e quase-quase de mau humor.