Eles
Eles passaram alegremente
Eles
Eles tão bonitos e cotidianos
Envoltos numa mágica de banalidades.
Eles caminhavam ensolarados
Suas mãos roçando de leve
Suas mãos tímidas
E tão fantásticas.
Suas intimidades, tão públicas
Sua rotina tão inadvertidamente exposta
Para quem quisesse ver
Que eles se amavam.
Seus passos martelavam suspiros e lágrimas
Inveja incontida de outros rapazes
Da cena de luxúria nas ruas do bairro.
Eles
Despreocupados
Perdiam-se na multidão da grande avenida
Rumo aos seus caminhos secretos.
Ele
Mirando-me discreto
Sorriu, singelo
Cúmplices, nós dois
De um passado.
E eu pude senão reverenciar a beleza
Deles
E também sorrir, calado.