tratados de noite

cumprimos a promessa displicentemente,

não houve guerra nem incêndio

nem juras eternas nem doces enganos

perdidos no calor do momento.

não haveria mesmo de se ter

qualquer arma branca

ou negra ou suja

com o sangue derramado

de outras feridas. feridas de flor.

feridas compostas de outras vidas,

de outros pequenos momento

na conjuntura do mundo.

não haveria mesmo de se

ter resgate, condição ou pedido

no caminho do jogo

não haveria mesmo de se ter

anúncio, alerta, passagem

transporte pelo vão

da semi-escuridão inconsciente

das noites mal-dormidas,

das coisas diárias

perseguidores (in)determinados

da saliva do outro, da cura pro fosso,

do topo, do corpo métrico ofertado

mediado e pago pela nudez

santificada do moço,

pelo pão sacro exposto,

pelos homens largados suados e nus

e um tanto quanto crús

à contabilizar causos e pérolas

ou lamber velhas feridas,

memorizar os minúsculos detalhes

um do outro, cada curva, cada tropeço,

cada pelo grosso despontando

em tuas coxas divinas: um presente,

um carinho enviado pelo anjo carmesim

de Dionísio, Deus das coisas expostas, entregues, patrono incorrigível

dos prazeres abençoados da carne.

raia o dia novamente, o santo reza

e a vida passa.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 11/07/2017
Reeditado em 11/07/2017
Código do texto: T6051232
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