MISSA DE NÁCAR

A tarde açucarada se esconde atrás

Dos lençóis avermelhados e alaranjados,

Um padre podre rege a missa de nácar

Entregando a alma do dia para a noite.

Ele está à frente, um passo a frente do amor,

O dia entrega-se aos braços da noite iniciada,

Há um pouco de temor e desespero pela escuridão,

Mas ao longe vê o brilho infindo das estrelas.

É um encontro feito em queda livre ou raiar.

Há alegria, tristeza, separação e um beijo

Pousado sempre no horizonte ao amanhecer

Ou antes, de ir se deitar, não há vergonha.

Nos deslizes constantes dos esquecidos dos instantes

Tudo isso passa despercebido ao próprio amor temporal.