DESFIZ-ME!

Desfiz-me em ondas de espuma

Nesse mar que assim se espraia

Vi esvoaçar certa pluma

E as aves uma a uma

A poisar na tua saia!

Depois desfiz o novelo

Desta vida tão sombria

Desfiz na areia um castelo

E nas tranças do teu cabelo

Desfiz marés de fantasia!

Desfiz-me no teu sorriso

Nas águas a balançar

E se o mar é paraíso

Mergulhar nele, eu preciso

Pr`á minha alma lavar!

No horizonte desfiz

O sol que em rubra cor

À noite nada me diz

De dia faz-me feliz

Porque me dá o calor!

A seguir eu fui-me embora

Desfiz pedaços da lua

O coração sofre agora

Penso em ti em cada hora

E em cada lembrança tua!

Desfiz linhas e desejos

De um tal anseio infinito

Que era provar os teus beijos

Para acabar com os bocejos

Que me matam num só grito!

Voltei quando já não tinha

Nada mais, pra desfazer

Pergunto:- Quem adivinha

Porque a vida é tão mesquinha

Deitando-se tanto a perder?

O Poeta Alentejano
Enviado por O Poeta Alentejano em 09/07/2017
Código do texto: T6049870
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.