Um Olhar

Cada olhar é um adormecer e despertar

Um mirar distante com a mente a vaguear

Tentamos engarrafar o gosto da maresia

Para servirmos na clara taça na travessia

Cada olhar é singular, uma chuva no mar...

Catavento lento com preguiça de ventar

Nesses olhos há estribilhos e melodias

Badalar de sinos chamando para missa

A luz de um olhar está no lume da pupila

E não no candeeiro onde a chama vacila

Pois a memória desses olhos é ancestral

Mistura a vida mundana e a virtude vestal

Filtra dentro do coração a água que escoou

Tornando a alma sã, leve e alçada em vapor

E a nebulosa que acinzentava esse olhar

O tempo arremessou-a no enxame estelar!