Infinitamente
Ao nobre poeta James Machado
INFINITAMENTE
já podemos nos dizer
Dizendo a nós mesmos:
Que ainda nem existimos!
Pois devido a esta tão rápida
Violenta e efêmera combustão
Do fogo que arde nesta vida,
Que esta vida inteira
Seria muito pouco ainda…
Nós já nascemos morrendo
E por isso é que escrevo
Para que me torne imortal
Entre páginas, amareladamente
Em algum canto empoeirado
De um sebo na praça João Mendes…
E se ninguém mais me quiser ler
Mesmo assim, me tornei imortal…
Pois o verso é imortal
E o verso em mim nunca morre
Mesmo que este livro da vida
Um dia se queime e seja cinza
Ou no lixo alguém o jogue
Suas páginas se rasguem
Ou apenas somente
A tinta no papel desbote.
Mesmo assim
Em alguma mente
Algum coração
Alguma vaga memória
De alguma mal contada história;
Lá estarei vivo.
Vivo!
Nestes olhos que me lêem
E na boca de quem me recita,
Vivo nos ouvidos que me ouvem
E na mente de quem me eterniza...