Infinitamente

Ao nobre poeta James Machado

INFINITAMENTE

já podemos nos dizer

Dizendo a nós mesmos:

Que ainda nem existimos!

Pois devido a esta tão rápida

Violenta e efêmera combustão

Do fogo que arde nesta vida,

Que esta vida inteira

Seria muito pouco ainda…

Nós já nascemos morrendo

E por isso é que escrevo

Para que me torne imortal

Entre páginas, amareladamente

Em algum canto empoeirado

De um sebo na praça João Mendes…

E se ninguém mais me quiser ler

Mesmo assim, me tornei imortal…

Pois o verso é imortal

E o verso em mim nunca morre

Mesmo que este livro da vida

Um dia se queime e seja cinza

Ou no lixo alguém o jogue

Suas páginas se rasguem

Ou apenas somente

A tinta no papel desbote.

Mesmo assim

Em alguma mente

Algum coração

Alguma vaga memória

De alguma mal contada história;

Lá estarei vivo.

Vivo!

Nestes olhos que me lêem

E na boca de quem me recita,

Vivo nos ouvidos que me ouvem

E na mente de quem me eterniza...

Jaime Filho
Enviado por Jaime Filho em 09/07/2017
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