O menino e a cola

O menino e a cola

Remelento e com trapos encardidos

Fétido...

Deitado ao chão e com uma garrafa pet na mão

Aquela criança descontruia sua vida

Morria todos os dias

Sem perspectivas e sem família...

Franzino e com um aspecto doentil

Aquela criança, era bombardiada por "êxtases" do consumo de cola

Seus monstros internos acordavam

Um deles, o leviatã, causava tortura física e emocional

Ele se contorcia...

Haviam outros, imperavam sobre ele

Acabavam com a sua infância...

Sobrecarregado da infeliz vida

Ele "sobremorria" todos os dias

Aprendia só o que não era certo

Roubava, cheirava, fumava...

Usava drogas como se fosse uma brincadeira

Brincadeira mortífera que a cada dia engolia mais um pedaço daquele miserável menino.

Era descontruida uma história a qual infelizmente não passaria de uma dezena de capítulos

Seria mais um ponto para estatística

Mais um nesse imundo mundo injusto

Aquele pequeno garotinho

Não sabia o que era amor

Não experimentou se quer um colo de uma mãe

Não sabia o que era um abraço confortante

Só sabia o que era cola e drogas...

Perambulando pelas ruas da metrópole

Indo de um lugar ao outro

Sempre em meio a escuridão

No negrito da noite se isolava de sua hostil realidade

Se impregnava de dor, ódio, irrealidade, vazio, mal...

Aquele coração já havia parado de bater, sua alma estava quase sendo consumida...

E com a cola na mão

Começava mais uma vez aquele ciclo mortal...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 08/07/2017
Reeditado em 08/07/2017
Código do texto: T6049262
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