QUANDO FUI POETA EM DIAS MAGROS
Traduzo nas letras uma coceira interna
Um vendaval de coisas sem muita forma
Cativas num dia magro...
Coloco tinta em pulsações febris, aquelas de suor e lágrimas e sangue e cinza
Fiz tais citações pra valer meu esforço tolo
Quase sem perceber soltei as feras
Tão mortas, embora rastejantes
Não, não fui coerente...
Quem sabe viva de brisa os que escolhem essa estrada
Talvez seja melhor calar e deitar minhas ferramentas num lençol amassado
Aconchegante e velho, como os da cama da mãe...
Fiz essas escolhas muito entorpecido, nem sei se elas tem valor ou marca...
Mas soube trazer um pouco de estilo em meio aos rios de pompa inútil
Olhe, me perdoe por isso, sei bem o resultado!
Tais corações suportam muito... contudo se inflam e depois murcham
Não me cabe ser uma voz coletiva
Pretensão e volúpia até tenho... quando sumir elas provavelmente virão antes
E farão uma bela mortalha
E as palavras, todas elas em coro, farão as honras num céu de brigadeiro
Ao bom e manco padrasto delas.