Inveja
Existe no mundo
Ou sou eu imundo
Eu, que sou humano
Eu, que sou mundano.
Vejo em mim e ali
O demônio que sorri
É sentimento forte
Mais que a sorte.
Tenho medo confesso
E esforços não meço
Para fingir não ter
Para fingir não ver.
Mas provocar é possível
É meio que incrível
A gente tanto reclama
E às vezes tanto derrama.
Proteção é bobagem
Apenas camaradagem
Com o medo útil
Que é fútil.
Inútil porque se existe
E se nisso persiste
Prova-se ser mentiroso
Pois também é invejoso.
Como não olhar a medusa
Se a gente tanto acusa?
Dá pra se fazer de cego?
Dá, eu não nego.
Mas dá pra ver
Dá pra exercer
Tem como lidar
Tem como controlar.
Aceitar e transcender
É possível assim ver
Qu'ela vira outra emoção
A lindeza da admiração.
Liberar e confiar
É possível assim se amar
O que só pode haver de verdade
Com a admirável humildade.