BICHO ACUADO
Hoje me chamam velho
Já me chamaram criança
Fiz parte da juventude
Fui parte de uma esperança
Vivo na cidade grande
Sou pobre não tenho nome
Eu faço parte da massa
Sou mais um dos zés com fome
Sou como um bicho acuado
Com vontade de correr
Cidade grande me expulsa
No mato não sei viver
Sou um pássaro na gaiola
Tenho a alimentação
Troquei pela a liberdade
Não vivo mais no sertão
Não conheço os arvoredos
Não como a mesma semente
Esqueci os meus gorjeios
Hoje canto diferente
Caíram partes das penas
O resto mudou de cor
E as sementes que como
Não tem o mesmo sabor.