KAISER NINGUÉM VII - OS SETE SELOS
Eu sou a lenda na verdade, sou o eterno retrocesso
Sou o anel da eternidade no inferno do universo
Eu sou a luz do torvelinho, e o pecado original
Sou a cruz do seu caminho, no começo do final
Eu sou Baco e a licitude, no Olimpo da cidade
Sou o fraco e a virtude, no garimpo da vontade
Sou a luxúria e a castidade, sou a ira da entranha
Sou a fúria da vaidade e o penhasco da montanha
Eu sou o Ômega do homem e o alfa da mulher
Sou a lua e o lobisomem no Oásis de Gizé
Sou o crepúsculo do dia, eu sou o sol da madrugada
Sou o justo que jazia no sofisma da jornada
Eu sou a onda da cobiça, invejo um mar de vaidade
Sou a gula e a preguiça contra o amor e a liberdade
Sou o refugo da vontade numa mente dividida
Sou o julgo e a liberdade rumo a rua sem saída
Eu sou o mel e a avareza na colméia do zangão
Azazyel e a natureza, na Odisseia da ilusão
Eu sou o céu e a fortaleza das ruínas de babel
Sou o trono e a nobreza na batalha de Israel
Eu sou as sete relíquias do mais raro dos minérios
As ladeiras mais oblíquas do mais caro dos mistérios
Sou a virtude e o pecado na fraqueza dos dormentes
O ataúde mais dourado da riqueza dos doentes
Eu sou a estátua dos sem face no portão do impossível
O primata e o disfarce, véu do ocaso imperecível
Sou o acaso que, no caso, na sua casa te retém
Sou o relógio e o atraso, eu sou o Kaiser Ninguém
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