Própio porre
Intoxique-me
Quero sentir sujo o sangue
Intoxique-me
Retirar-me do negrume da alma
Intoxique-me
Colorir cores divagadas
Intoxique-me
Enxergar o que não é
Regar-me bem a garganta
De veneno
Transparecer-me como o líquido
Do veneno
Cambalear minha existência
Pelo veneno
Infectar as feridas quentes
Com veneno
Intoxique-me
Purificar-me à lucidez de vez
Intoxique-me
Abraçar-me a loucura, um poste
Intoxique-me
Perceber aquele rosto em cada face
Intoxique-me
Entregar a própria face a sorte
Destilar-me inocente e ignorante
No veneno
Euforir-me de piadas mal contadas
Pelo veneno
Escandalizar sozinho a calçada
Com o veneno
Purgar-me do onde e do tempo
De veneno
Intoquixe-me de veneno,
até que o eu já não exista
Intoquixe o veneno,
pois o próprio eu era meu tóxico.
Intoquixe-me cmo veneno,
enojarei o chão a minha frente!
Pois desse Tóxico quero ver o pó,
e o retorno.