O SILÊNCIO QUE EMANCIPA.

A solidão que vejo

no sertão, são as faces

das coisas vivendo seu

silêncio , aqui ; a tarde,

enquanto uma lesma

ilumina uma parede velha,

um pássaro chama a noite,

o rio que passa lá por

debaixo das mangueiras,

leva os sons concretos

do dia.

O que passa em mim

leva apenas minhas

indecisões,

uma estrela aponta no céu

ainda sujo,

e assim começa a noite,

outras virão, enquanto a lua

retarda, as estrelas me abrem

para a eternidade,

aqui, quando a noite é iniciada,

fico assim,

como uma folha sem destino,

mas a solidão do sertão é clara,

vejo e posso provar,

o sertão me escuta e me

faz confissões,

me entardeço sempre

com o pio de um inhambu,

ele não é meu, só me serve,

aqui ninguém me amola,

falo minha língua,

e não invento uma fala

rebuscada,

aqui o aglomerado linguístico

não me cobra,

me deixa livre para meus erros,

quando erro aprendo,

agora fechou tudo, já faço

parte da noite,

sou dualidade, a conjunção

carnal ,da noite e do dia,

mas minha admiração por

oras é por este silêncio que

me emancipa.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 04/07/2017
Código do texto: T6045709
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.