O SILÊNCIO QUE EMANCIPA.
A solidão que vejo
no sertão, são as faces
das coisas vivendo seu
silêncio , aqui ; a tarde,
enquanto uma lesma
ilumina uma parede velha,
um pássaro chama a noite,
o rio que passa lá por
debaixo das mangueiras,
leva os sons concretos
do dia.
O que passa em mim
leva apenas minhas
indecisões,
uma estrela aponta no céu
ainda sujo,
e assim começa a noite,
outras virão, enquanto a lua
retarda, as estrelas me abrem
para a eternidade,
aqui, quando a noite é iniciada,
fico assim,
como uma folha sem destino,
mas a solidão do sertão é clara,
vejo e posso provar,
o sertão me escuta e me
faz confissões,
me entardeço sempre
com o pio de um inhambu,
ele não é meu, só me serve,
aqui ninguém me amola,
falo minha língua,
e não invento uma fala
rebuscada,
aqui o aglomerado linguístico
não me cobra,
me deixa livre para meus erros,
quando erro aprendo,
agora fechou tudo, já faço
parte da noite,
sou dualidade, a conjunção
carnal ,da noite e do dia,
mas minha admiração por
oras é por este silêncio que
me emancipa.