fogo
digo, não digo, eu digo:
sou seu abrigo
no desolado deserto
de palavras, qual
lingua direi o perdão,
a doçura de um domingo
feliz, a mesa forrada
com toalha bordada, café
e pão e o sol a forrar a
casa de esperança, tuas
mãos eram as mais belas
e tua pele o assoalho de
um rio caudaloso, o vento
verde a passar pelas casas
e pelos bosques nada era
mais real que tua boca
massageando o tempo, a distração
era o tempero e a graça de
tuas formas, fatia onde habitavam
seres que beijavam a terra, mas
que falava o dialeto dos astros, nas dispensas:
cobras que latiam fogo e esperanças