Um sonho lúcido

Eu podia ver meu rosto refletido

em seus óculos, e seus olhos me perscrutando.

Ela sorria, com o canto da boca tentando disfarçar

um pouco da tristeza. A tristeza era minha e não dela,

eu sabia.

Ela pegou minha mão e disse que ia dar tudo certo

que eu ia ficar bem

e riscou um carinha feliz, com uma caneta

sobre minha pele.

Demos o abraço mais demorado da minha vida

e a partir dali eu já sabia que se tratava de um sonho.

Caminhamos de mãos dadas por um gramado, e chegamos a uma praia

praticamente deserta.

Ela me fez sentar na areia e ficou fazendo desenhos com o pé ao meu redor.

Desenhou uma carinha com um grande sorriso.

Parou bem a minha frente e disse.

“Vem”, com as mãos estendidas.

Corremos até a linha d’agua e ela me falou sorrindo

“Você não vai se afogar se entrar no mar”

“Eu sei” – respondi.

“Você não vai sufocar se voltar a amar”

“Já não tenho essa certeza”

“Mas eu tenho” – Ela disse, tapando meus olhos com as mãos.

Fechei os olhos, e quando abri, ela não estava lá.

Eu estava parado e só, com os pés dentro d’água.

vendo o sonho se desfazer e o sol entrando pela janela do meu quarto

me dizendo que já era de manhã.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 03/07/2017
Código do texto: T6044449
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